O gerente de levantamento e avaliação de safras da Conab, Francisco Olavo Batista de Sousa, explica que os técnicos irão percorrer quatro regiões produtoras paranaenses. A primeira vai de Paranavaí a Jacarezinho; a segunda, de Ivaiporã a Toledo; a terceira, de Cascavel a Laranjeiras do Sul; e a quarta, de Prudentópolis a Guarapuava. Ele afirmou que as perdas dependem do estágio de desenvolvimento das lavouras na época das geadas. Os efeitos foram mais fortes onde havia formação dos grãos.
Sousa disse que o maior impacto da geada ocorreu na região noroeste, onde as lavouras se encontravam em fase de floração e enchimento de grãos. Ele observou que o trigo está na fase inicial de colheita na região noroeste e que nas visitas às cooperativas os técnicos da Conab poderão fazer as primeiras sondagens sobre a qualidade do grão afetado pelas geadas, que é uma das preocupações dos moinhos. A quebra da safra paranaense levou a Conab a reduzir a estimativa da produção nacional de trigo de 5,6 milhões para 5 milhões de toneladas.
Previsão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná
No dia 14 de agosto, a Seab divulgou a estimativa de quebra do cereal devido às geadas. O trigo paranaense encontrava-se praticamente com a totalidade da safra plantada até 22 de julho. Da área, 47% da plantação estava germinando ou em desenvolvimento vegetativo, fases não suscetíveis a geadas. O prejuízo aos produtores, considerando os preços de mercado, está estimado em R$ 728,8 milhões.
Pelos números levantados pelos técnicos do Departamento de Economia Rural (Deral), estima-se que 954 mil toneladas de trigo serão perdidas. Com isso, a produção paranaense de trigo terá redução de 33% em relação à previsão de 1,94 milhão de toneladas.
O cereal é uma das culturas mais importantes do Estado, com alta colaboração para a produção brasileira. Paraná e Rio Grande do Sul revezam-se em primeiro e segundo lugar na colheita dos últimos anos, gerando quase 90% do volume nacional de trigo. Em 2011, o Estado correspondeu por 42,93% da produção brasileira, quando produziu 2,45 milhões de toneladas das 5,69 milhões de ton de todo o país.
Geada negra
O evento climático que atingiu as culturas agrícolas do Paraná e deve contribuir para um quadro de perdas estimadas em mais de R$ 1,2 bilhão é conhecido como geada negra – um tipo mais nocivo às vegetações em relação à geada branca, que é mais comum. Ela é temida pelos agricultores por congelar a seiva das plantas. Causada por uma associação de muito frio, com temperaturas negativas, e ventos fortes, a geada negra queima as folhas e resfria o caule das vegetações. A branca, por sua vez, compromete apenas a superfície das plantações, causando perdas menos comprometedoras.
– A geada negra acontece quando há um baixo índice de umidade relativa do ar, temperaturas próximas a 0ºC e baixa ou inexistente incidência de chuva. Nesse tipo de ocorrência, a planta fica enegrecida. No inverno, chove pouco no Paraná, e julho deste ano foi um mês mais seco – explica a meteorologista do Instituto Simepar Angela Beatriz Costa.
A geada que atingiu o Sul do país na última semana de julho foi considerada a pior desde 2000. A incidência foi generalizada no Paraná e poupou apenas o litoral. A geada negra afetou durante quatro dias a produção agrícola do Estado.