Segundo Cutait, a expectativa é de crescimento do setor de proteína animal, o que puxaria a demanda por ração.
– Temos certeza de que vamos produzir mais. Agora o que precisamos é de avanços em questões regulatórias. Nós estamos fazendo um trabalho de harmonização regulatória global, e precisamos de uma participação maior do Brasil – salientou.
Segundo ele, os custos de produção estão mais favoráveis do que em anos anteriores.
– Os preços do milho e da soja aparentemente estão se acalmando – destacou.
Para Cutait, é muito cedo para avaliar se a valorização recente dos grãos, por causa do clima seco e quente em regiões produtoras dos Estados Unidos, representa uma mudança de tendência.
– Ninguém toma decisão de estratégia em virtude da mudança de nível de preço de uma semana ou de um mês. O que se pode dizer é que hoje temos um cenário melhor de preços e custos para o setor de ração – assinalou.
A indústria de proteína ainda deve demorar para se recuperar totalmente dos prejuízos dos últimos dois anos com a elevação dos preços das commodities. Sobre o câmbio, ele destacou que as consequências da valorização do dólar ante as principais moedas ainda são incertas.
– Temos que esperar estabilizar isso, por enquanto há muita turbulência, é difícil ver quem é mais afetado em termos de países e ingredientes. O que nos preocupa muito é a inflação dos alimentos, porque muitos países estão com seu poder aquisitivo cortado – disse.
Na avaliação de Cutait, o cenário de demanda até o fim do ano é favorável.
– A gente vê a Europa e os EUA se estabilizando, e a China com crescimento menor, mas crescendo. A América Latina também cresce – assinalou.
Para o coordenador de inteligência de mercado da Associação das Indústrias de Alimentação Animal da América Latina e do Caribe (FeedLatina), Marcel Joineau, o mercado de ração latino-americano tem uma base interna de consumo forte, o que deve compensar em parte a frágil retomada do crescimento global.
– Este ano não deve ser muito diferente do ano passado. Projetamos um crescimento de 1% até 3%, dependendo da economia como um todo – apontou.
De acordo com a Feedlatina, em 2012, a produção de ração da América Latina (incluindo dados de México, Caribe, Américas Central e do Sul) totalizou 138 milhões de toneladas. Conforme Joineau, o México deve reduzir a produção de frangos este ano e importar mais, mas essa demanda pode ser atendida em parte pelo Brasil. Ele salientou, ainda, que as tendências de crescimento populacional e aumento do poder aquisitivo em mercados emergentes são benéficas para a indústria de ração latino-americana.
– A América Latina tem de se preparar cada vez mais para externar essa produção e atender ao aumento de demanda mundial – disse.
Regulação
Durante o painel Regulatórios de Insumos para Rações, realizado na manhã desta quarta foram debatidas legislações para insumos e rações no Brasil e na América Latina. A diretora executiva da Feedlatina, Flavia Ferreira de Castro, ressaltou a importância da participação da indústria latino-americana do Programa Feed and Food Seguro Latinoamerica. Ela assinalou que a harmonização de procedimentos regulatórios entre os países da região é fundamental para aumentar o fluxo de comércio.