Votação do relatório sobre demarcação de terras indígenas está marcada para quarta, dia 4

Demarcação de áreas quilombolas também foi assunto para debate nesta terça na Câmara dos DeputadosO grupo de trabalho criado para analisar a questão indígena no país tratou nesta terça dia 3, entre outros temas, da PEC 215 que transfere ao Legislativo a decisão final sobre as demarcações de terras indígenas. A polêmica envolvendo áreas quilombolas em municípios brasileiros também foi debatida.

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O deputado Alceu Moreira (PMDB/RS), denunciou fraudes em laudos emitidos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em demarcações de áreas no município gaúcho de Osório. Segundo o parlamentar, cerca de 950 famílias foram notificadas para desocupar a área.

– O laudo tenta provar que o Estado, que concedeu a escritura, não sabia que ali tinha uma comunidade quilombola, que famílias não conheciam o processo. Quer dizer, o laudo foi feito na unilateralidade. Ele é completamente ilegal – afirma o deputado.

O diretor da Fundação Cultural Palmares, Alexsandro Reis, rebate e diz que o laudo antropológico é apenas uma peça que compõe um relatório técnico usado no processo de demarcações.
 
Em outro plenário da Câmara, o grupo de trabalho criado para debater terras indígenas, apresentou o relatório final, após cinco meses de reuniões entre parlamentares, representantes indígenas e de produtores rurais.

Um dos principais pontos apresentando foi a proposta de indenização aos agricultores que ocupam áreas consideradas indígenas. O grupo sugeriu ainda a rejeição da PEC 215, que transfere ao legislativo a decisão final sobre as demarcações. A votação, prevista para esta terça, foi adiada para quarta, dia 4.
 
– Foram oito sessões de um trabalho intenso, exaustivo, de audiências públicas e críticas. O relatório é uma conclusão de tudo o que foi apresentado nessa comissão. Agora fica para avaliação do presidente. Se ele vai apresentar no colégio de líderes ou outros meios que lhe forem cabíveis regimentalmente – disse o deputado Federal (PR/MG) Lincoln Portela.
 
Na quarta, os parlamentares e representantes de lideranças indígenas irão analisar o documento para aprovar ou não o texto.

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