Café adulterado não tinha selo da Abic, diz Embrapa

Empresa divulgou nesta sexta que os cafés que tinham 95% de impurezas não eram de fabricantes que têm o "selo de pureza"A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) divulgou nesta sexta, dia 6, uma nota informando que os cafés que tinham 95% de impurezas, como mostrou pesquisa divulgada nesta quinta, dia 5, pelo programa Bom Dia Brasil, da Rede Globo, não eram de fabricantes que têm o "selo de pureza" da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). Por meio da nota, a Embrapa procura amenizar o desconforto que a reportagem gerou na indústria de torrefação de café, que há 24 anos desenvolve um pro

Na reportagem do Bom Dia Brasil, pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos, sediada em Guaratiba (RJ), apresentaram uma nova tecnologia de análise de impurezas no café. Eles analisaram doze amostras de marcas de café torrado e moído encontradas no varejo e em 95% confirmaram adulteração com outras substâncias, como milho e cevada. Na nota divulgada, a Embrapa Agroindústria diz que, “por estarem em desenvolvimento, os resultados do novo método de análise não são conclusivos”. A unidade também salienta que “o conjunto de amostras, em nenhuma hipótese, representa o café consumido no Brasil. O número de amostras analisadas do tipo comum é pequeno, não sendo representativo da situação dos cafés comerciais”.

Na opinião da Embrapa, o “Programa de Autorregulamentação da Pureza do Café (Selo da Pureza) mantido pela ABIC garante a pureza do café consumido pela população brasileira que utiliza produtos de origem certificada”. A Embrapa diz que mantém parceria com a Abic para o desenvolvimento de novas tecnologias, como a que está sendo testada, que “faz parte do esforço para o aperfeiçoamento da qualidade do café brasileiro”.

Indústria

O diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, classificou como “irresponsável e inadequada” a informação prestada pelos pesquisadores na reportagem. Ele cita o fato de terem sido analisadas apenas doze amostras, quando o selo de qualidade da Abic analisa 3 mil amostras por ano, de café torrado e moído recolhido aleatoriamente no varejo em todo o País. O produto é analisado em quatro laboratórios (três em Minas Gerais e um em São Paulo), com base em metodologia desenvolvida pelo Instituto Adolfo Lutz. Os casos de fraudes são encaminhados ao Ministério Público. Segundo ele, a Abic reúne 350 empresas, que representam 75% do café torrado e moído consumido no Brasil.

Agência Estado