Pesquisa aponta queda de 55% no número de pequenos produtores de leite no país nos últimos sete anos

Estudo também indica o que pode ser feito para quem não quer desistir do negócioO número de pequenos produtores de leite caiu pela metade nos últimos sete anos no Brasil. O levantamento de uma consultoria especializada considerou os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e aponta os custos com mão-de-obra e produção como os principais fatores para a troca de atividade. O estudo também indica o que pode ser feito para quem não quer desistir do negócio.

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O produtor, Aldair Álvares, de Uberlândia, Minas Gerais, conta que o local onde funcionava a sala de ordenha está desativado há seis meses. Os únicos dois funcionários que auxiliavam na coleta do leite foram dispensados. Os custos da produção e da mão-de-obra ficaram altos demais e o lucro cada vez menor.

– Faz uns cinco ou seis anos que o leite está mantendo o mesmo valor. Os custos subiram muito. Energia, funcionário, tudo aumentou. Sem lucro na atividade, ninguém pode tocar serviço nenhum – disse o produtor.
 
Ao longo de 40 anos, o rebanho de Álvares chegou a produzir 400 litros do produto por dia. As vacas e bezerros que restaram estão sendo vendidos aos poucos. A plantação de banana, que antes apenas complementava a renda, agora, sustenta a família.
 
– A gente tirava do custo do leite, o resto do dinheiro da banana era para suprir a necessidade de manter o leite, na esperança que melhorasse um dia, o que não aconteceu. Acabei com o leite, fiquei só com as bananas. Com as bananas está dando para sobreviver – diz o produtor.
 
A pesquisa realizada pela consultoria especializada no setor aponta queda de 55% no número de pequenos produtores de leite no país, nos últimos sete anos. Em 2006, havia 930 mil, de acordo com o IBGE. Hoje, são 415 mil, segundo resultados da pesquisa.
 
– Antes você tinha custos mais elevados, um prejuízo que cobria com outra atividade da fazenda. Mas agora, com ausência de mão-de-obra, essa disputa com centros urbanos, causou uma saída muito grande de produtores da atividade – diz diretor do Sindicato dos Produtores Rurais de Uberlândia, Eduardo Dessimoni.

Se desistir não é a opção, aumentar a produção pode ser a saída. De acordo com especialistas ouvidos na pesquisa, as indústrias têm preferência por captar leite de grandes produções. O motivo é o custo elevado do transporte da matéria prima. Da propriedade de Rafael Heitor de Andrade, no Distrito Federal, saem 1,500 litros de leite por dia. A meta é dobrar o volume até o ano que vem. Para isso, ele vai investir na alimentação dos 100 animais.
 
– Estou formando 15 hectares, onde colocar as vacas durante o período da chuva. A silagem só no período de seca. Com isso, devo dobrar minha produção. Vou dobrar minha capacidade de alimentação, além de aumentar minha produção – destaca Andrade.

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