No evento, Andrade ressaltou a importância do aumento do consumo interno da carne suína. Disse que há espaço para crescer, mas que é necessário trabalhar abertura de novos mercados.
– O Mapa é favorável a inclusão da carne suína no PGPM. Nós trabalhamos para isto, já encaminhamos nosso voto ao Ministro da Fazenda no sentido que seja incluído. É necessário que se traga esta tranquilidade para os nossos produtores, para que eles possam estar motivados para o ano que vem produzir mais do que estão produzindo em 2013 – destaca Andrade.
Segundo ele, no ano passado a atividade teve prejuízo, com custo alto de produção e preço baixo de mercado que se estendeu até o início desse ano. E, hoje, a remuneração voltou a ser atraente para os suinocultores, com a queda do custo de produção.
Mobilização
O projeto da Semana Nacional, que ocorre entre 2 e 16 outubro, surgiu no auge da crise da suinocultura, em meados de 2012, quando milhares de suinocultores abandonaram a atividade por conta do extenso período de prejuízos gerados pelo alto preço dos grãos e baixa remuneração pelo quilo do suíno.
Em junho do mesmo ano, cerca de 700 produtores de todo país, liderados pela entidade de classe, rumaram a Brasília para reivindicar apoio. Depois de uma manifestação pacífica e uma audiência pública no Congresso Nacional, os suinocultores se reuniram com o então ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, e sua equipe para traçar estratégias de apoio ao desenvolvimento da suinocultura.
Entre outras medidas, o Mapa declarou seu apoio à criação da Semana Nacional da Carne Suína para promover o consumo do produto e trazer sustentabilidade ao setor que emprega mais de 700 mil pessoas diretamente. O consumo de carne suína no Brasil é de 15,6 kg per capita enquanto a média nos Estados Unidos e nos países da Europa é superior a 30kg, o que significa grande margem para crescimento.
Por isso, a ABCS traçou nova meta para levar o consumo de carne suína aos 18 kg per capita até 2015, número que ainda está distante de países como Alemanha, onde o consumo é de 54 kg e da Espanha, que chega a 66 kg. Desde 2000, com esforços das ações da entidade e parceiros da suinocultura, o consumo subiu 43%.
– Nosso maior objetivo é levar a informação à população. Vamos mostrar que temos uma carne de grande qualidade, consumida por países que tem exigência sanitária. Precisamos mostrar para o nosso povo que nós produzimos uma boa carne, e que pode se trabalhada dentro do país. A nossa expectativa, em dentro de dois anos, é ter um aumento de pelo menos 3 kg per capita no consumo também – destaca o presidente da ABCS, Marcelo Lopes.
Hoje, o número de abates é de quase 40 milhões. O setor emprega mais de um milhão de pessoas e reúne 40 mil produtores. O desafio é incluir a carne suína na política de garantia de preços mínimos. A inclusão já estava acertada, mas houve uma reviravolta no congresso.
– Lamentavelmente, de forma equivocada pediram para que um dos vices-líderes do governo pudesse fazer um recurso para o plenário e não tramitou na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Nós estamos trabalhando para que haja uma retirada de assinaturas, e com isto possamos fazer com que a presidente possa sancionar a inclusão do preço mínimo da carne suína – salienta o presidente da Frente Parlamentar da Suinocultura, Vilson Covatti.
Em 2012, o Brasil produziu cerca de 3,5 milhões de toneladas do produto das quais 85% fica no mercado interno e 15% é exportada, gerando US$ 1,5 bilhão em divisas e um PIB superior a US$ 8 bilhões. Com estes números, o país é o quarto maior produtor e também o quarto maior exportador de carne suína que tem demanda crescente no mercado global.
A Carne Suína é 10
A Agenda Nacional da Carne Suína, idealizada pela ABCS, que inclui as ações dos parceiros ao longo da Semana Nacional, conta com 26 participações entre entidades estaduais de criadores de suínos e empresas parceiras do setor. Ações em mais de 50 cidades do país pretendem potencializar as capacitações e a campanha nacional “A Carne Suína é 10!”.
– Nosso foco com essa grande ação de endomarketing é extravasar o setor de varejo e fazer a campanha acessar o dia a dia dos brasileiros que estão ligados diretamente com a produção de carne suína, seja ele um suinocultor, colaborador na indústria de insumos, de sanidade, ou outras tantas áreas do nosso setor, que esteja envolvido diretamente com a cadeia – explica a coordenadora nacional do Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS), Lívia Machado.
O objetivo é divulgar a qualidade, a versatilidade dos cortes, a saudabilidade e o sabor da carne, além de desmistificar os mitos contra a carne suína.
Mais vendas com campanha
O diretor Comercial de Perecíveis do Grupo Pão de Açúcar, Leonardo Miyao, disse, no lançamento da Semana Nacional, que a rede espera vender 40% mais do produto no período da campanha. São 40 tipos de corte da proteína com até 25% de desconto.
– Dentro do açougue do Grupo Pão de Açúcar, a carne suína participa somente com 10%. Vejo uma grande oportunidade, basta apresentar o produto corretamente para o consumidor – declarou o executivo, ressaltando que a companhia quer ser referência de carne suína no país.
Antes de lançar a campanha nacional, o grupo participou de ações regionais e teve resultados relevantes em vendas: em São Paulo, o comércio do item cresceu 38%; no Rio de Janeiro, 45% e, no Centro-Oeste, 18%. Para a semana nacional foram capacitados 2.609 funcionários em 16 Estados e 507 lojas.
O presidente do Grupo Pão de Açúcar, Enéas Pestana, reforçou que ainda há desinformação sobre a carne suína.
– Estar próximo da cadeia produtiva é bom para o desenvolvimento do grupo e também do país – disse Pestana.
Você pode acompanhar a mobilização do setor de suínos através do site e do Facebook da ABCS.