O prefeito do município, Fausto Azambuja Filhom, mostrou, durante o encontro, o suposto abaixo-assinado para a implantação da reserva. O documento foi protocolado no ICMBio, mas segundo ele, sem o conhecimento da maioria da população.
– Quando a gente mandava algum ofício, questionando alguma coisa para o instituto, havia respostas citando um abaixo-assinado de 2004, que atendia a um anseio da população, com mais de 700 assinaturas. Esse documento nós conseguimos organizar. São pouco mais de 100 pessoas que realmente são de Luciara, e que tinham pedido a reserva – diz o prefeito.
De acordo com o pedido que chegou ao ICMBio em 2003, mais de 108 mil hectares de Luciara devem se tornar unidade de conservação. Hoje, a cidade abriga pouco mais de 1,2 mil pessoas, a maior parte, pequenos criadores de gado, que usam pastagens naturais, os chamados retireiros.
Para o deputado federal (PSDB-MT), Nilson Leitão, a solicitação de uma reserva extrativista foi motivada por interesses de uma pequena parcela de moradores da cidade.
– Não houve contato com prefeitura, com a Câmara de Vereadores ou com a Sociedade Civil Organizada. A impressão é que há dez anos a atuação começou de forma sorrateira, de forma que fosse o mais escondido possível. Temos um requerimento na comissão de agricultura para um debate sobre esse assunto. Pelo que falaram, são mais de 150% reservas no país inteiro que estão querendo discutir. Esse assunto não pode pegar de surpresa várias regiões do país – diz Leitão.
De acordo com Vizentin, serão realizados novos estudos e análises para avaliar o pedido de criação da reserva. Porém, dessa vez, toda a população do município será ouvida.
– Deixamos muito claro que não será criada a reserva da noite para o dia, nem se dará por um decreto. Será necessário que aconteça uma pactuação e um processo de consulta à população local, ao poder público e ao governo do Estado. E, finalmente, de que nós vamos dar um outro tratamento a esse assunto da criação de uma reserva dos retireiros do Araguaia – disse.
O presidente do instituto garante, que mesmo se a reserva for criada, ela não irá prejudicar as famílias que vivem no local.
– Se essa reserva for criada será para assegurar a permanência das famílias retireiras. Se for decidido pela criação de uma unidade de conservação, e sejam reconhecidos proprietários rurais com títulos e escrituras, cabe ao governo federal indenizar e reconhecer essas posses – conclui Vizentin.