Hidrelétrica Itaipu incentiva produção orgânica na região de Foz do Iguaçu

Programa Cultivando Água Boa também apoia criação de peixes em tanques-redesA hidrelétrica de Itaipu é a maior do mundo em geração de energia. A empresa desenvolve o projeto Cultivando Água Boa desde 2003, uma ação de responsabilidade socioambiental que envolve 29 municípios da bacia hidrográfica do Paraná, na área próxima ao lago da hidrelétrica.

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Uma das ações é o apoio à agricultura em pequenas propriedades. Com apoio técnico e financeiro, pequenos produtores colhem bons frutos na região de Foz do Iguaçu, no Paraná. É o caso de Luis Antônio Arruda, produtor rural que cultiva orgânicos em apenas cinco hectares.

– Na lavoura tem pupunha, café, mamão, banana, moranguinho, acerola, goiaba, maracujá, cítricos, abacate, manga. É muita coisa! Caqui, maçã… nem consigo falar tudo – diverte-se o agricultor.

Arruda produz ao todo quarenta produtos orgânicos.

– Tudo orgânico. Já tem de seis a oito anos que a propriedade é certificada pelo IBD e nunca perdeu a certificação. Aqui não entra adubo químico nem nada que seja fora da recomendação técnica – explica o produtor.

O agricultor produz 600 quilos de polpa de framboesa orgânica por ano, mas nem sempre foi assim. Antes de participar do projeto ele cultivava soja e milho à maneira tradicional. O sítio passou por uma revolução com a diversificação de culturas sem o uso de agrotóxicos.

– Esta revolução é pro bem meu, pro bem da natureza e pro bem também daquele consumidor que consome o produto que a gente produz aqui na propriedade. A gente tem orgulho de saber que ele vai comer um produto puro. Pode falar que é puro mesmo – diz Arruda.

A propriedade recebe visita de grupos de intercâmbio interessados em conhecer as técnicas e resultados empregados, desde agricultores até alunos de pós-graduação

– A própria conservação do solo, da água, a proteção da fauna. Ele é um exemplo a ser seguido pela região e pelo Brasil – diz Simone Jácomo, aluna de doutorado em Agronomia da Universidade Federal de Goiás.

A produção de alimentos orgânicos acontece em propriedades de São miguel do iguaçu, no oeste do Paraná. Os agricultores recebem mais na venda dos produtos e ainda ganham mais qualidade de vida.

– Muitos destes produtores aderiram à produção agroecológica orgânica em função de intoxicação deles mesmos ou da família. Eles optaram por essa produção por uma necessidade – relata Lorivan Weber, técnico do programa Cultivando Água Boa.

Entre os 20 projetos do programa há um que ajuda na criação de peixes em tanques-rede nas águas da represa que abastece a usina. Estevam Martins de Souza é um dos envolvidos. Ele costumava pescar no lago de Itaipu mas, com o passar do tempo, começou a perceber que a quantidade de peixes estava diminuindo. Agora, com a criação dos peixes, ele ajuda a preservar o meio ambiente, e ainda tem garantia de renda.

– A gente viu nesta técnica de produção uma forma também de colaborar, porque você não retirando está dando sustentabilidade, deixando que a natureza se restabeleça – diz o pescador.

O engenheiro agrônomo programa, Irineu Motter, diz que este é o objetivo do Cultivando Água Boa.

– A pesca extrativa é uma incerteza diária. Já com o cultivo o pescador sabe que terá uma produção certa que vai poder comercializar e ter uma complementação de renda – explica Motter.

Há quatro anos a pesca rendia 800 quilos, hoje o pescado produz oito toneladas por ciclo, que dura oito meses. O pacu foi escolhido para ser a espécie cultivada por ser um peixe nativo que se adaptou bem ao cultivo. Mais de 60 famílias conseguem melhorar a renda com a criação do peixe.

– Tem rentabilidade, tem mercado, então eu acredito que a produção de peixe em tanque-rede tende a aumentar muito nos próximos anos – reflete o pescador Estevam de Souza.

Além da peixaria que tem em casa, o pescador vende o peixe em feiras livres e para as escolas da região.

– Hoje 70% da merenda escolar nos 29 municípios contam com a produção local. É o pequeno e o médio produtor produzindo alimento saudável que é colocado na merenda escolar do próprio município, graças à compra direta e ao envolvimento das merendeiras e nutricionistas das escolas – explica Nelton Miguel Friedrich, diretor de Coordenação e Meio Ambiente da ItaipuBinacional.

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