Para conhecer a produção de sementes em Mato Grosso, nossa equipe precisou subir 820 metros de altitude em direção à Serra da Petrovina. Somente nos municípios de Pedra Preta e Alto Garças são plantadas 50% das sementes produzidas na região sul, a principal neste ramo no Estado. Uma produção tão grande não acontece por acaso nesta área.
– Normalmente regiões para produção de sementes devem ter uma certa altitude. No caso aqui, 820 metros. Isto é extremamente favorável para a produção de sementes, porque a temperatura é mais amena. As noites não chegam a ser frias, uma temperatura muito boa para produção de sementes – explica o consultor do projeto Soja Brasil, Áureo Lantman.
Mas as condições nem sempre garantem uma safra segura. Choveu muito durante a colheita e a produção diminuiu. Uma sementeira produziu 200 milhões de toneladas na cidade de Alto Garças, um volume 15% menor em relação à última safra. E este não é o único problema: nos 2.500 hectares destinados à produção de sementes, a helicoverpa está presente em 100% da área. Uma soja com 15 dias já recebeu duas aplicações de defensivos.
– Nesta área já foram duas aplicações e nós vamos ter que fazer uma terceira porque isto é um aprendizado. Trabalhamos com produtos para ter controle, mas não foram eficientes. Uma eficiência em torno de 50%, 60%. Então vamos ter que reaplicar, fazer uma terceira aplicação – conta o engenheiro agrônomo Tiago Hinnah.
– Eu estou pensando que o custo vai aumentar em torno de 25% referente ao controle de lagartas. Isto aí pelo que eu estou imaginando vai custar em torno de US$ 100, específicos para controle de helicoverpa.
A alternativa utilizada foi destinar 800 hectares com a tecnologia intacta que, de acordo com o engenheiro agrônomo, é mais resistente à helicoverpa. Isso deve garantir cinco sacas a mais por hectare.
– Nós vamos efetuar uma ampliação na nossa área, para a produção de grãos passar para 50%. Na área de sementes vai depender do mercado, mas pelo que a gente tem visto do ataque de helicoverpa, a demanda vai ser crescente. Ainda é cedo, tem esta safra inteira pra acontecer, mas a gente acredita que vai ter uma demanda crescente – completa Hinnah.
Para o vice-presidente da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso, Gladir Tomazelli, o setor vem superando as dificuldades porque nos últimos anos o investimento em tecnologia e a profissionalização foram muito grandes. Mesmo assim, o momento é decisivo para as próximas safras:
– Tem coisas que na pesquisa e nos ensaios dão resultado, e na lavoura dão outro resultado. Até agora o desenvolvimento da lavoura e a resistência a pragas está confirmando aquilo que diz a pesquisa, o que disseram os trabalhos até agora. Acredito que vai ser uma tecnologia que vai emplacar, não tenha duvida. Tanto que a maioria dos sementeiros de Mato Grosso tem no seu planejamento para produção 2013/2014 cerca de 40% a 50% do volume com tecnologia intacta.