CNA cobra suspensão do embargo chinês à carne brasileira

Kátia Abreu cobrou mais agilidade na habilitação de novos frigoríficos e se queixou da escalada tarifária que penaliza alimentos processadosA Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) cobrou uma solução para o embargo chinês à carne bovina brasileira, declarado no final de 2012. A exigência foi feita pela presidente da entidade, Kátia Abreu, na presença do diretor do ministério do Comércio da China, Wu Guo Liang, e de representantes da AQSIQ (agência chinesa de vigilância sanitária com status de ministério), durante o Seminário AgroInvest Brasil 2013, em Xangai.

– Precisamos suspender o embargo da carne, imposto sem nenhuma razão técnica – disse ela.

A presidente cobrou mais agilidade na habilitação de novos frigoríficos e se queixou da escalada tarifária que penaliza alimentos processados que o Brasil exporta para a China. Técnicos da AQSIQ devem visitar o Brasil até o dia 15 de dezembro para inspecionar frigoríficos.

Kátia abriu o encontro apresentando a história da agropecuária brasileira. Segundo ela, em 40 anos, o Brasil saiu da condição de importador de alimentos e, com um ganho de 300% em produtividade, passou a disputar a liderança mundial do setor com os Estados Unidos.

O ex-ministro e consultor da CNA, Roberto Brant, destacou que o Brasil tem todas as condições para atender o aumento da demanda chinesa por alimentos, seja pela fartura de terras e de água, seja pelos ganhos de produtividade. Para Kátia, o seminário comprovou o interesse do país pelo agronegócio brasileiro.

Segundo o ex-embaixador brasileiro na China e consultor da CNA, Clodoaldo Hugueney, o evento apresentou um panorama de oportunidades com dados e possibilidades concretas de investimentos e caminhos para que as parcerias possam ser desenvolvidas.

A missão da CNA reuniu presidentes de federações da agricultura dos Estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Roraima e Amapá, além de dirigentes de entidades setoriais – como soja, algodão, celulose e frigoríficos.

Exportações

A mudança vai beneficiar a industria da carne tocantinense. Números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior revelam que, de janeiro a setembro deste ano, o Tocantins exportou o equivalente a US$ 136,5 milhões de carne bovina desossada congelada, fresca e congelada, um índice de crescimento de 19% superior aos US$ 111 milhões exportados no mesmo período do ano passado. Inferior apenas aos US$ 400 milhões de exportações da soja no mesmo período deste ano, para uma balança comercial de janeiro a setembro de US$ 570 milhões em exportações. A China é o maior comprador de produtos do Tocantins, o equivalente a US$ 194 milhões de janeiro a setembro de 2013.