Especialista afirma que uso de transgênicos contribui para consumo de agrotóxicos no país

Assunto foi abordado durante Congresso Brasileiro de Agroecologia; evento ocorre até quinta, dia 28, em Porto Alegre (RS)O uso de variedades transgênicas na agricultura tem sido um dos principais responsáveis pelo crescimento vertiginoso do consumo de agrotóxicos no país, havendo a necessidade de se utilizar produtos cada vez mais fortes e tóxicos devido à resistência criada por plantas e pragas. A afirmação foi feita pelo representante do Grupo de Estudos em Agrobiodiversidade do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Leonardo Melgarejo, que debateu o assunto

Segundo o especialista, não houve um ganho significativo com a introdução e liberação de variedades de soja transgênica no país.

– O ganho anterior (à liberação) não é inferior ao que temos agora – afirmou.

Estudos insuficientes e elaborados pelos próprios interessados, pesquisas inadequadas e de curto prazo, desprezo a normas da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) – como não realizar testes a longo prazo e em animais em gestação -, omissão de dados necessários para conferência dos resultados apresentados e descaso a aspectos socioeconômicos são apontados por Melgarejo como os principais problemas relacionados à questão dos transgênicos no Brasil.

Conforme dados apresentados pelo pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso, Wanderlei Antônio Pignati Pignati, o Brasil utilizou na safra 2012/2013 cerca de 1 bilhão de litros de agrotóxicos, colocando o país como o maior consumidor mundial desses produtos.

– E temos que levar em consideração que cada litro de agrotóxico é diluído em 100 litros de água. Imaginem o volume destes venenos despejados no meio ambiento – questionou.

Monoculturas

Ao analisar os mapas de consumo e o de produção agrícola, Pignati verificou que as áreas de maior utilização de agrotóxicos são aquelas onde se concentram os principais Estados produtores de monoculturas, como soja, milho e algodão, especialmente em grandes áreas.

– Em propriedades de até 10 hectares, somente 27% dos produtores utilizam agrotóxicos. Em áreas acima de 100 hectares, este índice salta para 80% – explicou.

Pignati falou ainda que a evolução da área cultivada e da produtividade no Brasil não justifica o crescimento exponencial do uso de agrotóxicos.

Efeitos ao meio ambiente e à saúde

Outro aspecto abordado pelo professor foram os efeitos dos agrotóxicos ao meio ambiente e à saúde humana.

– Estudos feitos de 2007 a 2011 demonstram que as intoxicações agudas estão aumentando: dobrou em homens e triplicou em mulheres. Foram mais de 33 mil intoxicações notificadas e se sabe que, para cada caso registrado, existem outros 50 não notificados – disse.

Segundo estudos apresentados, os agrotóxicos causam problemas psiquiátricos, neurológicos, depressão e mutagênicos, estando ligados também à ocorrência de câncer, malformações, suicídios e abortos. 

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