Em uma propriedade de Cornélio Procópio, no Paraná, a repórter Kellen Severo registrou o aparecimento de milho em meio à lavoura de soja, um exemplo de desafio com o qual os produtores deverão lidar no futuro. A ocorrência de erva daninha já tem causado preocupação em países como Estados Unidos, Argentina e Austrália.
Para o professor da Universidade Estadual do Norte do Paraná Robinson Osipe, o uso indevido de herbicidas é que causou a volta da praga. Ele conta que o problema já tinha sido reduzido a 20% do custo anterior, mas com o uso exclusivo do herbicida glifosato, aplicado sem rotação, criou-se a resistência de ervas daninhas, como a buva e o capim amargoso, também encontrado na lavoura pela equipe do Soja Brasil.
– Hoje nós temos necessidade já das misturas dos inibidores de graminicidas para conseguir fechar o manejo desta planta. Então hoje nós temos que mecanizar isso – explica o professor.
Ele comenda como estratégia aos produtores o manejo outonal.
– O agricultor quando termina a colheita, por exemplo, do milho safrinha, ao invés de esperar o mato dentro da área, ele deve fazer o manejo outonal, ou manejo pós-colheita, onde ele consegue, com sucesso, controlar melhor as plantas. E quando entrar a cultura da soja, as plantas estarem sob controle.
O pesquisador da Embrapa Fernando Adegas explica que a incidência de ervas daninhas em lavouras brasileiras se deve ao clima tropical. Ele colabora para o cultivo sucessivo de soja, milho e algodão na mesma área. Assim, as plantas que ficam na área após a colheita, podem se tornar ervas daninhas.
– Nós somos abençoados por ter uma cultura tropical, mas ao mesmo tempo podemos ter muito problema com essas plantas se elas forem resistentes aos mesmos herbicidas que a cultura que vai ser instalada é resistente – afirma.
Adegas ainda lembra que o controle de pragas daninhas passou a ser um dos três principais problemas da cultura do mundo.
– Infelizmente, já voltou a ser um problema no Sul do Brasil. A gente pode considerar que seja o primeiro ou segundo problema e este problema está se expandindo para o cerrado.
Ele completa que o desafio significa maior custo aos produtores e mais preocupação com monitoramento das lavouras.