Indicador do café arábica cai em novembro pelo quinto mês seguido

Preço do robusta fecha mês com alta de 15%, informa CepeaO indicador do café arábica calculado diariamente pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) fechou novembro cotado a R$ 247,73 por saca em média. O valor é 2,5% inferior ao preço médio registrado em outubro, no quinto mês seguido de queda. O indicador recuou mesmo com a reação dos preços no final de novembro, impulsionados pela retração da oferta e pela necessidade urgente de alguns compradores que pagaram mais.

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No boletim mensal do Cepea sobre o mercado de café arábica, os pesquisadores comentam que o volume comercializado de café no mês passado, em especial da variedade arábica, ficou abaixo do observado no mesmo período da safra passada, quando o ritmo de negócios já era considerado fraco. Eles lembram que a safra atual foi estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 47,5 milhões de sacas, volume 6,5% abaixo do colhido na temporada 2012/2013.

Segundo os pesquisadores, o principal motivo da fraca liquidez do mercado é o atual patamar de preço, considerado muito baixo pelos vendedores. Eles observam que na média parcial desta safra (de julho a novembro de 2013), o Indicador Cepea do arábica tipo 6 bebida dura para melhor, posto em São Paulo, está em R$ 269,86 a saca de 60 quilos, valor 20,8% inferior ao do mesmo período da temporada anterior, quando a média, nominal, era de R$ 340,82 a saca.

Os agentes de mercado relataram ao Cepea que, até o final de novembro, cerca de 40% da safra já havia sido comercializada no Sul de Minas Gerais. Nas regiões paulistas de Mogiana e Garça, as estimativas indicam que a comercialização atingiu entre 30% e 40% da safra. Para o noroeste do Paraná, estima-se que entre 40% e 50% do café da região foi comercializada. No Cerrado de Minas Gerais, a negociação de café atingiu de 50% a 60%. Apenas na Zona da Mata, onde metade da safra foi comercializada, o rimo da comercialização está pouco acima da safra passada, segundo os agentes consultados pelo Cepea.

Os pesquisadores observam que no passado o ritmo de negócios foi mais fraco devido à menor necessidade de venda por parte de produtores.

– Como a safra passada (2012/2013) foi muito volumosa e também contou com ritmo de negócios abaixo do esperado, agentes de todas as regiões comentam que ainda restam lotes de café remanescente para serem comercializados – dizem eles, lembrando que na safra 2012/2013 a produção de café foi recorde, estimada pela Conab em 50,8 milhões de sacas.

Café robusta

O indicador do café robusta (conillon) calculado pelo Cepea teve alta expressiva na última semana de novembro, fechando o mês cotado a R$ 214,55 por saca, valor 15% (R$ 28 a saca) acima do registrado no final de outubro. Os pesquisadores explicam no boletim mensal do mercado de café robusta que os preços foram impulsionados pelo avanço nas cotações internacionais.

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Elas lembram que o contrato de robusta negociado na Bolsa de Londres (Euronext Liffe) com vencimento em janeiro de 2014 fechou a US$ 1.642 a tonelada em 29 de novembro, forte alta de 10,8% na comparação com 31 de outubro.

– A alta externa está atrelada a temores em relação às fortes chuvas que atingiram o Vietnã (maior produtor mundial de robusta), que podem ter comprometido a qualidade de parte da safra do país – dizem os pesquisadores.

Apesar da alta significativa no final de novembro, a média mensal do indicador do conillon calculado pelo Cepea recuou em relação a outubro, no terceiro mês seguido de queda. O indicador do robusta tipo 6 peneira 13 acima teve média de R$ 198,93 a saca em novembro, em queda de 3,1% em relação a outubro. A média do tipo 7/8 bica corrida foi de R$ 191,37 a saca, queda de 3,5% na mesma comparação. Os valores referem-se à retirada do produto no Espírito Santo.

Na análise mensal, os pesquisadores lembram que os preços do café robusta tiveram queda expressiva no mercado brasileiro entre agosto e outubro deste ano influenciados pelo mercado de arábica. Segundo eles, o forte avanço nas cotações no correr de novembro surpreendeu alguns agentes e deixou vendedores ainda mais retraídos – à espera de intensificação das altas. As atenções dos cafeicultores de robusta do Brasil começam a se voltar ao desenvolvimento da próxima temporada (2014/2015), mas os agentes também estão apreensivos com a comercialização dos lotes restantes da safra 2013/2014.

Os agentes de mercado consultados pelo Cepea estimam que até o final de novembro a negociação de robusta no Espírito Santo estava entre 40% e 50% do total da safra.

– Considerando-se a estimativa de produção divulgada em setembro pela Conab, de 8,211 milhões de sacas de robusta no Estado, esse porcentual representa um volume próximo ao observado no mesmo período do ano passado, de 3,6 milhões de sacas – dizem os pesquisadores.

A aposta de colaboradores do Cepea, ao menos para o curto prazo, é de que vendedores se mantenham retraídos, aguardando novas valorizações do grão.

– Assim, um maior volume de café pode ser escoado a partir dos primeiros meses de 2014 – informa o boletim do Cepea.

Agência Estado