Setor de carnes apoia regras da FDA para uso de antibióticos em animais

Utilização desses medicamentos em fazendas pode ter contribuído para a proliferação de bactérias resistentes a remédios, que põem em perigo a saúde humanaRepresentantes de produtores e da indústria de carnes disseram apoiar o esforço da Food and Drug Administration (FDA), agência que regulamenta medicamentos e alimentos nos Estados Unidos, para limitar o uso de antibióticos em animais de corte, mesmo não prevendo muitas mudanças sobre os processos de criação de rebanhos nos Estados Unidos.

A orientação da FDA, divulgada na quarta, dia 11, busca eliminar progressivamente o uso de antibióticos para promover o crescimento de frangos, bovinos e suínos. Acredita-se que a utilização há décadas desses medicamentos em fazendas tenha contribuído para a proliferação de bactérias resistentes a remédios, que põem em perigo a saúde humana.

As regras obrigariam a indústria a apelar para antibióticos somente quando clinicamente necessário, tornando ilegal usá-los para aumentar o tamanho dos animais. Muitos membros da indústria dizem ser cautelosos, aplicando os medicamentos apenas como uma medida para prevenir ou tratar doenças e por isso não enxergam muito impacto na mudança.

Já os críticos dizem que as regras não vão longe o suficiente, porque deixariam os criadores de animais usar as drogas na ração e água como medida preventiva. Uma política mais eficaz, argumentam, seria barrar o uso dessas substâncias exceto durante o tratamento de animais doentes. As novas regras exigem que veterinários licenciados supervisionem o uso de antibióticos por agricultores.

O FDA estima que animais de fazenda nos EUA consumiram 29,9 milhões de libras-peso de antibióticos em 2011, o ano mais recente para o qual existem dados disponíveis, o que representa aumento de 2% em relação ao ano anterior. Cerca de 7,3 milhões de libras-peso de antibióticos foram vendidos para o tratamento de seres humanos no mesmo ano.

Vários produtores disseram já ser seletivos sobre o uso de antibióticos.

– Essas diretrizes não vão mudar a forma como eu faço qualquer coisa com os bovinos de corte em minha fazenda, a não ser criar uma trilha de papel que não existia antes – disse Anne Burkholder, que alimenta cerca de 3 mil cabeças de gado em Cozad, no Estado norte-americano de Nebraska. Muito antes de a FDA propor a orientação, Anne disse ter trabalhado com um veterinário para desenvolver planos de saúde para seus animais a fim de evitar usos não terapêuticos de antibióticos.

Alguns produtores disseram ter reduzido o uso de antibióticos na década passada porque redes de restaurantes como McDonald’s e outros compradores de carne criaram regras exigindo que os antibióticos sejam usados só quando clinicamente necessário.

Fabricantes de medicamentos, incluindo Elanco e Zoetis, disseram ter a intenção de cumprir com a nova política do FDA, que é voluntária para empresas farmacêuticas. As diretrizes pedem às empresas que mudem seus rótulos para eliminar qualquer indicação de que os antibióticos podem promover o crescimento dos animais, concentrando-se apenas nos usos veterinários.

Alguns profissionais da saúde disseram temer que a medida faria pouco para reduzir a quantidade de antibióticos usados na produção de carne.

– Ainda vai ocorrer uso excessivo de antibióticos disfarçado em fins de prevenção, que deveriam ser casos extremos – disse Laura Rogers, diretora da iniciativa de saúde humana e agricultura industrial liderada pela consultoria Pew Charitable Trusts.

– Os antibióticos devem ser sempre a última opção na produção de alimentos.

Agência Estado