Crise com helicoverpa é também oportunidade de aprendizado para produtores brasileiros

Expectativa de especialistas é que para a próxima temporada agricultores estejam mais instruídos para lidar com a pragaDa noite para o dia ela se transformou no pesadelo do produtor rural. Primeiro, atacou as lavouras de algodão, depois foi a vez da soja. A helicoverpa armígera é uma praga nova no Brasil, e os agricultores ainda estão aprendendo a lidar com ela. A equipe de reportagem do Projeto Soja Brasil, que vem percorrendo as regiões produtoras do país, traz agora o relato de produtores e especialistas. O que vem sendo feito para combater a praga está correto? Quais os produtos e os recursos disponíveis? Qu

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– Como ano passado não tinha muita informação, a gente achava que aumentando a dosagem destes produtos teria maior eficiência nesta lagarta. Mas com os estudos deste ano, mostrou-se que não. A dosagem recomenda às vezes fazer um sub-sequencial nestas lagartas, para ter mais eficiência destes produtos – conta.

A maneira que Ferreira encontrou para defender a lavoura é usar os produtos que estão no mercado no momento mais vulnerável da lagarta, com seis dias:
 
– Como não tem nenhum produto registrado com eficiência para esta helicoverpa, então tem que acompanhar, monitorar todas as áreas e fazer esta aplicação no mínimo no segundo instem para ter eficiência do produto. Para não precisar entrar toda vez e não entrar com o mesmo produto nesta área, para não deixar a helicoverpa criar mais resistência do que ela aparenta ter.
 
Já no Estado de Mato Grosso, no município de Nova Mutum, nossa equipe conheceu o produtor Cassiano Miotto, que vem conseguindo bons resultados atacando a helicoverpa em outros dois estágios: no ovo e na mariposa.
 
– Ela é uma praga que criou hábitos. Provavelmente seis horas da manhã ela começa a descer para o inferior da planta, e às seis horas da tarde começa a subir para parte superior da planta, onde a gente está entrando com a aplicação de inseticida noturna, que está tendo um controle eficaz para nós de 95% de precisão – explica Miotto.
 
Ele também está se virando com produtos disponíveis no mercado:

– Tem como combater, a gente está tendo um controle muito bom desta lagarta. Mas é trabalhando ovo, mariposa e aplicação noturna. É um sério problema, mas também veio para dar uma controlada, selecionar o pessoal que trabalha sério na agricultura.
 
– A helicoverpa passou a ser tratada como algo quase infernal. E a gente percebe que na medida que o tempo vai passando, soluções vão aparecendo sem muita procura. Ele consegue aqui ajustar um inseticida numa hora certa, num momento certo, com produto que já tinha aqui no Brasil. Então, houve aquele primeiro impacto, mas a gente percebe que começa a assentar. Mas não dá para se despreocupar: é uma praga muito feroz, tem que ficar de olho em cima – alerta o consultor do Soja Brasil, Áureo Lantmann.
 
No município de Alto Garças, em Mato Grosso, uma sementeira que dobrou o uso de defensivos e aumentou o custo em até 50% em função da helicoverpa, plantou nesta safra 800 hectares com a tecnologia Intacta. E não se arrependeu: a lagarta não sobrevive e a produtividade cresceu 10%. Os planos são de ampliação já para safra que vem.
 
– Nós vamos efetuar uma ampliação. Na área que é para produção de grãos, vai passar para 50%, e para área de sementes vai depender do mercado. Mas pelo que a gente tem visto pelo ataque de helicoverpa, a demanda vai ser crescente – afirma o produtor rural Thiago Hinnah.
 
Tanto no combate quanto na prevenção com a tecnologia Intacta, quem realmente pode mudar esta história é o produtor rural, fazendo do monitoramento uma rotina e seguindo mais do que nunca as orientações técnicas.
 
– É questão de você ir na lavoura bater pano, olhar, quer dizer, tem produto, não é só o benzoato de emamectina. Tem vários produtos, tem controle, tem a hora certa, tem que fazer no período certo. Não é aquela coisa exagerada! Tem produtor fazendo aplicação toda semana, independente de ter a praga ou não. É questão de monitoramento, não é a coisa do mais simples. Tanto a ferrugem quanto a helicoverpa vem pra fazer o produtor voltar para dentro da lavoura, cuidar – orienta o presidente da Aprosoja Brasil, Glauber Silveira.
 
– Esta safra está sendo uma safra de aprendizado, vai se aprender muito, vai se apanhar. Tem agricultor que lamentavelmente vai ter a sua produção afetada, até por questões de decisão, de clima. E a gente vai aprender – avalia Áureo Lantmann.

– Na safra 2014/2015 teremos muita informação, e a história da soja é assim. Tivemos no passado o cancro da haste, a ferrugem, o nematoide de cisto, e a situação não foi diferente. Veio um impacto, a coisa forte, se perdeu e se aprendeu, como aconteceu este ano. No ano que vem vamos estar muito mais informados – conclui o consultor.

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