Série Retrospectiva, Perspectiva 2014 relembra ano do setor do café

Para 2014, fica o desafio de reduzir a área de produção, substituir 10% dos cafezais por outras culturas e apostar no planejamento a médio e longo prazoA cafeicultura começou o ano de 2013 contabilizando prejuízos, principalmente para aqueles que fizeram estocagem com pré-comercialização, apostando em preços melhores. Em janeiro, lideranças começaram movimentos em várias regiões do país, em busca de uma política de governo que pudesse mexer com o mercado.>> Leia mais notícias sobre café

– Nós entendemos que uma ação de governo neste momento vai sinalizar para o mercado primeiro o Brasil como maior produtor, segundo maior consumidor e maior exportador finalmente vai ter política para café – salienta o presidente da Comissão do Café da FAEMG, Breno Mesquita.

– O Brasil não tem nenhum excedente muito grande de café. O mercado aposta contra e só tem um ente capaz de mudar essa situação, que é o governo federal – disse o diretor da Cocapec, de Franca (SP), Maurício Miarelli.

O apelo foi ouvido pelo governo, que  no início do mês de maio definiu um novo preço mínimo: R$ 307,00 pela saca de 60 quilos. Mas, o setor esperava pelo menos R$ 340,00 depois que a própria Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já havia indicado para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) um custo próximo de R$ 336,00 por saca.

Entre junho e julho, os produtores estavam em plena colheita, com preços em queda. Enquanto nos bastidores, as lideranças esperavam por medidas de Brasília. Com mais da metade da safra no mercado, somente no mês de agosto a presidente Dilma Rousseff anunciou o primeiro grande pacote, incluindo o contrato de opções para a venda de três milhões de sacas ao preço de R$ 343,00 para entrega em março de 2014. O ministro Antônio Andrade anunciou as datas dos leilões em setembro, na abertura da semana internacional do café, comemorativa aos 50 anos da Organização Internacional do Café (OIC), em Belo Horizonte, entre representantes de mais de 70 países produtores e exportadores de café.

– Não há satisfação dos países produtores com o nível atual de preços. Nós temos que estar vigilantes para não deixar que os preços possam cair além do que já caíram. Temos esta preocupação muito grande e temos que estar vigilantes. Precisamos ajudar os produtores a comercializarem bem o seu café – destaca o presidente da OIC, Robério Silva.
 
O governo esperava que os bilhões destinados para o setor resultassem algum efeito no mercado, o que não aconteceu.

– Primeiro nós fizemos o maior apoio a comercialização do café, R$ 5,8 bilhões, agora prorrogamos todas as dívidas a partir de primeiro de julho. Todos que tem pendências para pagar entre primeiro de julho até 30 de junho do ano que vem, todas estas contas ficam congelada e vão ser pagas na safra de 2015. Com essas medidas vamos ter uma reação não rapidamente, mas em médio prazo do café – disse Andrade.

O mercado, em 2013, confirmou a posição de excesso de oferta de café e não reagiu aos pacotes de medidas do governo que segundo os cafeicultores chegaram com atraso. Para 2014, fica o desafio de reduzir a área de produção, substituir 10% dos cafezais por outras culturas e apostar no planejamento a médio e longo prazo.

– Nós vimos que a produtividade aumentou e com isso a produção mundial, com bons preços. É importante a gente ter em mente  que é preciso ter uma redução da área de café. Temos que fazer a lição de casa para equilibrar a oferta e a procura – salienta o presidente da Federação dos Cafeicultores da Região do Cerrado, Francisco Sérgio de Assis.

Assis contou que está em estudo um financiamento de longo prazo para que os produtores possam substituir parte dos cafezais. Mas, de imediato, as lideranças querem recuperar a renda e pedem por mais uma medida do governo, o Prêmio de Equalização de Preços (Pepro), para estimular as exportações.

– Esse prêmio faz com que o produtor melhore a sua renda. Esperamos que a próxima medida do governo seja que o Pepro contribua para um fluxo normal de exportação para que a gente consiga a participação do Brasil no mercado internacional. E que acalme nossos concorrentes. Temos que ficar de olho para o lado social e econômico que essa cultura trás para este país – conclui.

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