A estiagem ocorrida ao longo do mês de dezembro em toda a região Sul do país, Mato Grosso do Sul e São Paulo, associada às altas temperaturas, causou um aumento nas taxas de evapotranspiração da soja, e consequentemente, uma redução dos níveis de umidade do solo. Dessa forma, muitas lavouras entraram em estresse hídrico, causando danos irreversíveis à produtividade. As maiores perdas estão sendo observadas nas regiões oeste do Paraná e sul de Mato Grosso do Sul, onde já foram diagnosticados quebras que se aproximam dos 10%.
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Já na outra ponta do país, na região Centro-Norte, foi o excesso de dias chuvosos que atrapalhou o andamento do plantio. Muitos produtores do Piauí, Tocantins e oeste da Bahia só conseguiram finalizá-lo agora no mês de janeiro. Em Mato Grosso e em boa parte de Goiás, as chuvas chegaram em forma de pancadas, possibilitando a realização dos tratos culturais, além da colheita que já se iniciou na semana do Natal em várias localidades mato-grossense. Contudo, a colheita no Mato Grosso ainda está bem no começo, não passando dos 2%.
Nesses primeiros dias do ano, a preocupação dos produtores é com o tempo seco e as altas temperaturas na parte Centro-Norte do Brasil, já que voltou a chover em toda a região Sul e em Mato Grosso do Sul, melhorando as condições das lavouras e estancando as perdas.
A ausência de chuvas generalizadas e em bons volumes sobre as regiões produtoras de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e toda a região produtora do Nordeste também está causando perdas nas lavouras de soja, pois muitas delas estão em fase de florescimento e início de enchimento de grãos. Essas fases são extremamente sensíveis às altas temperaturas e o estresse hídrico. Novas perdas estão ocorrendo em outras regiões, o que poderá levar a uma redução na produção final do Brasil.
Contudo, esse padrão de tempo seco na parte Centro-Norte do Brasil, e mais chuvosa no Sul, irá permanecer ao longo dos próximos dez dias. Isso só deverá mudar na segunda quinzena de janeiro, quando volta a chover de forma mais generalizada, e com volumes dentro da média, em todo o Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, incluindo o Tocantins e a região leste do Pará.
A grande variabilidade no regime de chuvas será observada ao longo de todo o verão, uma vez que em anos de neutralidade climática há sempre uma grande variabilidade no regime de chuvas. Ou seja, num período as chuvas ficam mais concentradas sobre a região Centro-Sul, em outro sobre a região Centro-Norte. Porém, tanto o Estado de São Paulo, quanto as áreas produtoras do Cerrado mineiro poderão ser as mais afetadas por essa variabilidade, já que os modelos climatológicos sinalizam um verão com chuvas abaixo da média e com vários períodos de estiagem.