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O levantamento mostra que, mesmo com a retomada dos negócios, a disparidade entre o preço ofertado pelo comprador e o pedido pelo vendedor dificulta a efetivação de negócios. Essa situação também limita a ação de comerciantes. Tradings, por sua vez, ofertam lotes a preços bem acima dos de dezembro. Além da valorização do dólar, esses agentes, assim como produtores, acreditam em menor oferta nas próximas semanas, período de entressafra.
Em Mato Grosso, maior produtor nacional da fibra, alguns produtores já começam a cultivar o algodão de segunda safra, após a colheita da soja. O volume de chuva tem sido baixo no sul de Mato Grosso, no norte de Mato Grosso do Sul, em Goiás e em todo o Nordeste. Já nas regiões médio-norte e noroeste de Mato Grosso, são as precipitações intensas que dificultam os trabalhos de campo.
Enquanto a demanda nacional sinaliza reação, as vendas externas ainda estão lentas, devido tanto ao baixo excedente doméstico quanto aos preços mais atrativos no mercado interno. A média da paridade de exportação, calculada pelo Cepea FAS (Free Alongside Ship), porto de Paranaguá (PR), foi de R$ 1,8063/lp de 6 a 10 de janeiro.
Em dezembro, o Brasil exportou 45,3 mil toneladas de pluma, segundo dados da Secex. No acumulado de 2013, os embarques somaram 572,9 mil toneladas, 45,6% a menos que em 2012. O preço médio de exportação foi de US$ 0,8644/lp, contra US$ 0,9067/lp em 2012.
Para a temporada 2013/2014, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a produção brasileira de algodão em pluma alcance 1,633 milhão de toneladas, o que representaria aumento de 24,7% em relação à anterior. O aumento da área plantada é estimado em 20%, ultrapassando 1 milhão de hectares, refletindo a recuperação dos preços internos e a queda nas cotações do milho em 2013. Quanto à produtividade, o aumento no Brasil poderá chegar a 3,8%. Para a Bahia e Minas Gerais, é espera-se recuperação de 18% e 10%, respectivamente, na produtividade da temporada 2013/2014 sobre a anterior.
Produção mundial
De acordo com o Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac), o plantio da safra 2014/15 no Hemisfério Norte, que corresponde a 90% da produção mundial, deverá ter nova redução. Este cenário refletirá, principalmente, a estimativa de redução da área plantada na China, de 8% para a safra 2013/14 (4,6 milhões de hectares) frente à anterior e de mais 15% para a safra 2014/15. Mas essas expectativas podem se alterar, já que o cultivo da nova safra deve começar depois de março. Além disso, segundo notícias da Xinhua News, os subsídios para o algodão e soja podem ter ajustes na China nas reformas a serem implantadas neste ano.
Segundo o Icac, em 2014/15, a oferta mundial de algodão em pluma pode ser de 24,84 milhões de toneladas e a demanda, de 24,54 milhões de toneladas. Os estoques finais da safra superariam 20 milhões de toneladas. Deste total, 56% devem estar na China.
Nas transações internacionais, o Icac estima queda de 9% em 2014/15, para 7,7 milhões de toneladas, devido à redução das importações da China. Embora seja estimada queda na produção do país asiático para esta safra (2013/14), as compras externas também devem diminuir, visto que o governo chinês detém estoque suficiente para cerca de 18 meses.
Dados divulgados na semana passada pelo USDA também indicam que a produção mundial de algodão na safra 2013/14 poderá ter recuo, de 4,3% frente à temporada passada.