Economista defende maiores garantias para empréstimo agrícola

Medidas de apoio poderiam reduzir inadimplênciaO economista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) José Roberto Afonso, assessor técnico da Comissão de Crise do Senado Federal, afirmou que o problema da inadimplência no setor agrícola poderia diminuir se houvesse maiores garantias para os empréstimos. Ele não citou, no entanto, quais seriam essas garantias. Afonso participou de audiência pública promovida pela comissão especial da crise financeira na área de agricultura.

Segundo o economista, além da inadimplência, o setor agrícola enfrenta o problema da queda nos preços. Em março, por exemplo, ele disse que o preço da soja caiu 8%. E a expectativa de queda do preço do produto agrícola neste ano é de 10%.

Ao citar dados do Banco Central, Afonso chamou atenção para a queda da exportação de produtos agrícolas, também responsável, a seu ver, pela diminuição dos preços. Em alguns casos, disse, a queda na exportação já chega a quase 30%: a soja caiu 27%; a carne, 22%; e a exportação do fumo, 10%.

Crédito

Afonso defendeu o fortalecimento das fontes estatais de crédito com parcerias com as instituições privadas.

? Temos bancos privados sólidos que não estão dando crédito ? disse o economista, sustentando que o país precisa é de crédito para produção.

Segundo ele, o Brasil oferece pouco crédito, apesar de ter um sistema bancário “extremamente” sólido.

? No Chile, a participação do crédito é muito maior do que a nossa ? comparou.

O economista do BNDES disse que o crédito não caiu no Brasil, apenas deslocou-se das pequenas para as grandes empresas. Segundo ele, as operações de crédito acima de R$ 100 mil foram as que mais cresceram de setembro do ano passado para cá. Ele considera importante o esforço do governo para aumentar o crédito, mas condena as atuais taxas de juro, que, a seu ver, deveriam ser bem menores.

Afonso disse ainda ser consenso entre os economistas a expansão dos gastos públicos com estratégias de sustentabilidade da economia. Acontece que, criticou, os gastos públicos no Brasil não contam para estimular a economia, pois são gastos com despesas de pessoal e com a Previdência. Ele sugeriu a criação de comitê da crise e a harmonização dos discursos e das medidas.

A comissão especial da agricultura é uma das cinco criadas pela Câmara para propor ações para reduzir o impacto da crise financeira mundial no País. A comissão é presidida pelo deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES) e o relator é o deputado Abelardo Lupion (DEM-PR).