O produtor Sebastião Cruciol Filho não esquece as noites em claro que passou contabilizando as perdas na lavoura de soja.
– Em 2011, eu perdi praticamente 60% da minha lavoura, pronta, por chuva. Deu 40 dias com chuva sem condição de colheita – conta.
Dois anos depois, ele que cultiva 1,1 mil hectares, respira outros ares. Mesmo com um pequeno veranico e a ocorrência da falsa-medideira, Filho vai colher 3.300 quilos por hectare, uma produtividade de 60 sacas.
– Isto quer dizer o quê? A gente conseguiu recuperar aquelas perdas. Não todas, a gente está tentando terminar de pagar aquela prejuízo, mas, por exemplo, isto propiciou a gente a capitalizar um pouquinho – explica o produtor.
É uma série de fatores combinados que explica uma produtividade tão alta. O solo de boa fertilidade, a altitude, o clima que colaborou, e também uma prática que se iniciou na região há cinco anos: a agricultura de precisão.
Evandro Luis Biazus adotou a precisão e mudou a realidade. Em um solo que dentro do mesmo talhão pode ser argiloso e arenoso, a correção faz toda diferença. O agricultor que plantou 2 mil hectares já começou a colheita e ficou impressionado com o resultado que nem mesmo ele esperava: 70 sacas por hectare.
– É inédito. Até porque é a primeira soja que nós colhemos. Não esperávamos isto, é uma tecnologia nova, que é a Intacta. Quando a gente observava a soja, pensava em colher 60 sacas, 62, mas tivemos uma boa surpresa, uma grata surpresa de colher mais este ano – comemora.
Nas demais áreas, sem a mesma tecnologia, ele espera um rendimento, no mínimo, parecido.
– Estão muito boas, lavouras bem granadas este ano. Eu acredito que não chegue ao que chegou esta aqui, talvez um pouco menos do que esta aqui, mas este ano as lavouras estão muito boas – completa.
– Tudo isto mostra o empenho do agricultor. Ele adaptou um conjunto de tecnologias disponível, colocou num solo de alta fertilidade e com a chuva bem distribuída, o clima dando condições para que isto acontecesse, acabou acontecendo um rendimento muito bom – avalia o consultor do Projeto Soja Brasil, Áureo Lantmann.
Mato Grosso Do Sul espera colher nesta safra 5,9 milhões de toneladas de soja, 1% superior ao ano passado. A área plantada também aumentou em média 5%, chegando a 2,12 milhões de hectares. São Gabriel do Oeste com certeza contribuiu para o crescimento.
– Para chegar neste nível nós temos a agricultura de precisão que já vem sendo aplicada aqui há muitos anos. O agricultor começou a investir em tecnologia em cima da propriedade. As cultivares que estão sendo apresentadas no mercado são altamente produtivas e, além disto, convém registrar que o melhor IDH rural brasileiro é de São Gabriel do Oeste – afirma o presidente do sindicato Rural de São Gabriel do Oeste, Júlio Cesar Bortolini.