Colheita da safra de soja 2013/2014 alcança 3% e cotações recuam

AgRural mostra o andamento da colheita no país e Cepea aponta que vendas antecipadas neste ano foram menores que nas temporadas passadasA colheita da safra de soja 2013/2014 alcançou 3% da área brasileira na sexta, dia 24, de acordo com levantamento da AgRural. O número é ligeiramente superior aos 2% da safra passada no mesmo período, e igual à média de cinco anos. A safra se desenvolve bem, apesar da preocupação com a falta de chuva e o calor em algumas áreas e também com a maior incidência de pragas, como a lagarta falsa-medideira e a mosca branca. A AgRural calcula a produção de soja em recordes 88,8 milhões de toneladas.

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Em Mato Grosso, principal Estado produtor, apesar das chuvas da semana passada, a colheita alcança 7%, em comparação com 4% sete dias antes e 6% no ano passado. Em Sapezal, no oeste, as chuvas acumularam 100 milímetros, segurando a colheita até quarta, 22. Com a volta do sol, porém, os trabalhos já estão a todo vapor, com grãos saindo das lavouras com umidade em torno de 20%, informa a AgRural.

Com o clima firme no sul, as primeiras áreas de Mato Grosso do Sul, começam a ser colhidas, mas ainda de forma tímida. Em Dourados, as áreas mais prejudicadas pela estiagem estão com produtividade inferior a 35 sacas, estima a consultoria.

Em Goiás, as boas chuvas da semana passada melhoraram bastante a condição das lavouras no leste do Estado. Em Luziânia, no entorno de Brasília, 10% da área já está colhida, com antecipação provocada pelas chuvas, que favoreceram o plantio, e pelo calor de dezembro. No sudoeste, 5% da área está colhida, com 52 sacas de média em Jataí e 56 sacas em Mineiros. Na média do Estado, 3% da área está colhida.

Segundo a AgRural, os produtores do Paraná aproveitaram a semana sem chuva para colher. Com a intensificação dos trabalhos nas áreas de soja pronta, 2% da área total do Estado estava colhida até sexta, mesmo porcentual de um ano atrás. A região mais adiantada é o oeste, com 6%, seguida pelo centro-oeste, com 3%. As produtividades variam bastante, segundo informa a consultoria. No extremo oeste, onde alguns locais passaram por um período de veranico, há talhões isolados com rendimento inferior a 40 sacas por hectare. Em Cascavel e Palotina, entretanto, há áreas com até 66 sacas. No sudoeste, os primeiros lotes já começam a sair do campo, com média de 50 sacas.

No Rio Grande do Sul, a semana foi de muito calor, o que preocupa por causa da rápida perda de umidade do solo provocada pelas altas temperaturas. É o caso das regiões de Santo Augusto e Tupanciretã. Em algumas outras regiões, como a de Erechim, ainda há umidade no solo das chuvas da semana anterior. “De um modo geral, a soja gaúcha se desenvolve bem. A colheita deve começar na segunda quinzena de fevereiro”, prevê a consultoria.

Conforme a AgRural, chove bem no Tocantins. No norte, chegou a cair 100 milímetros na segunda passada, dia 20. A colheita começa em fevereiro, mas deve ter ritmo irregular porque o plantio foi interrompido em alguns momentos por falta de chuva. Pancadas de chuva continuam caindo no Maranhão, para alívio dos produtores. A região de São Domingos do Azeitão chegou a ficar 30 dias sem chuva. As áreas novas foram as mais atingidas. Além da baixa umidade no solo, a falta de chuva elevou os casos de lagarta falsa-medideira. O controle só se mostrou eficaz com a volta da chuva. A colheita começa em fevereiro, mas só ganha ritmo a partir de março.

No Piauí, a chuva chegou a algumas regiões, mas ainda são irregulares. Em algumas áreas mais secas, produtores estão com dificuldades em controlar a falsa-medideira e relatam perda de 3% na produtividade. Na Bahia, falta umidade para as lavouras encherem grãos em fevereiro, apesar dos 20 milímetros registrados na semana passada.

Cotações recuam

O avanço da colheita recorde de soja no Brasil tem pressionado as cotações internas, conforme apontam pesquisadores do Cepea. A estimativa é que as vendas antecipadas neste ano foram menores que nas temporadas passadas. Paralelamente, o clima está favorável em boa parte das regiões produtoras.

Na Argentina, o tempo também está ajudando no plantio, mas noutras partes da América do Sul a falta de chuva pode limitar o desenvolvimento do grão. Por outro lado, a demanda pelo grão norte-americano, que estava firme anteriormente, pode ser alocada para o país. Por enquanto, no físico brasileiro, os preços em Paranaguá recuaram bruscamente, refletindo não só a entrada da safra nacional, mas também fatores externos.

O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (produto transferido para armazéns do porto de Paranaguá), teve significativa retração de 7,85% entre 17 e 24 de janeiro, a R$ 68 a saca de 60 quilos na sexta, dia 24. Ao ser convertido para dólar, moeda prevista nos contratos da BM&FBovespa, o Indicador registrou forte baixa de 10% se comparado à sexta-feira anterior, indo para US$ 28,37 a saca de 60 quilos.