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A safra passada foi a maior da história. Capitalizou o produtor e a área plantada em todo país aumentou em 150 mil hectares. A colheita iniciou no final de janeiro. Tudo se encaminhava para mais uma safra recorde, superando os 9 milhões de toneladas do ano passado, mas não foi o que aconteceu. Uma seca que castigou a lavoura no mês de dezembro baixou o rendimento.
Quem plantou no começo de setembro escapou da estiagem e conseguiu uma produtividade média acima de 70 sacas por hectare. Já a soja tardia não escapou do calor intenso. O produtor Adir Lui espera uma quebra entre 25% e 30%.
– Esta aqui vai dar uns 50 sacos por hectare, estava esperando umas 70 sacas por hectare. Nós colhemos a que plantamos no começo de setembro. Esta deu 70 sacas por hectare, mas esta aqui vai baixar muito o rendimento – conta.
Para não ter perdas ainda maiores, acelerou a colheita.
– Nós tivemos que antecipar a dessecação porque o que está seco está torrado de seco. Nós estamos colhendo soja aqui com nove de umidade. Temos que colher, senão a vagem seca vai começar a debulhar tudo – relata Adir Lui.
– O dia está com alta temperatura, chegando a 38, 40 graus de temperatura e a soja cozinha, nós temos que colher – completa o produtor.
Se o clima atrapalhou, a praga que tirou o sono do produtor brasileiro não provocou perdas no Paraguai. Lá é liberada a aplicação de produtos à base de benzoato de emamectina, usado para o combate da helicoverpa.
– Nós não tivemos problema com a tal da helicoverpa. Este ano aqui não teve nenhum problema. Esta soja que nós estamos colhendo agora teve duas aplicações só de produto para lagarta – diz Lui.
O que realmente preocupa é a disseminação da buva, planta daninha mais presente a cada safra, e também a infestação de percevejos. Em Laranjal, cidade próxima a Santa Rita, o controle não foi fácil. Na fazenda de Eduardo Colet, o monitoramento diário garantiu a eficiência, e o produtor ainda contou com a sorte: a chuva isolada amenizou os efeitos da seca.
– Tem gente que reclamou que a chuvarada não foi parelha, lugar que está dando 130, 140 por alqueire. Mas para nós está perfeito: choveu na hora certa, encheu o grão. Estamos pensando em 67, 70 (sacas) por hectare e acho que vai ser isto aí, dificilmente vai baixar. O soja plantado cedo em setembro promete 67 (sacas) por hectare. Varia um pouco, sobe um, outro baixa. Estamos contentes agora – explica Colet.
Na próxima reportagem você vai saber por que a agricultura paraguaia é altamente tecnificada e conhecer a força das cooperativas que negociam os grãos com as multinacionais.