– Me sinto mais paraguaio do que brasileiro – brinca o produtor Célio Francisco Colet.
A maioria deles chegou na década de 1970, grande parte vinda do Paraná e do Rio Grande do Sul.
– O pai, quando veio do Paraná para o Paraguai, começou a plantar soja, um hectare no meio do mato derrubado a foice, machado, motosserra e fogo, limpado para plantar muque de matraca. Depois junta de boi, tratorzinho, ceifa, começou a agricultura mecanizada, pequena escala, 20, 30 hectares. Foi evoluindo! Hoje temos máquinas com tecnologia de ponta – conta o coordenador da Defensoria Agrícola, Milton Abich.
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Os tempos mudaram. Quatro décadas foram suficientes para os agricultores transformarem o Paraguai numa potência agrícola. O agronegócio vem crescendo em volume, produtividade e tecnologia. Ao contrário do Brasil, por aqui não há indústria de máquinas agrícolas. Por isto, o agricultor paraguaio paga menos imposto na hora de importar de outros países.
– O Brasil tem a limitação, porque tem a indústria. Então tem que dar prioridade para indústria nacional. Por isto aumentam o imposto quando a máquina vem de fora, e esta é uma das bondades que temos no Paraguai: o imposto é parelho, igual para todas as máquinas – afirma Abich.
Com tecnologia de última geração, a colheita é mais rápida. O agricultor ganha tempo para escoar o grão com maior agilidade. A partir deste momento o produtor paraguaio tem duas alternativas: ou vender para empresas privadas ou comercializar com as cooperativas, que são muito fortes nas regiões produtoras do país.
A Cooperativa de Producción Agropecuaria Naranjal (Copronar) tem 230 cooperados que plantam em 15 mil hectares. É ela que faz as negociações com as quatro grandes multinacionais instaladas na região. Por safra, movimenta 150 mil toneladas, e é no grande volume que consegue o melhor preço e a melhor opção para o produtor.
– Temos preços de lista, venda antecipada e venda no balcão que temos aqui. Então são várias alternativas que o produtor tem para vender. E as cooperativas se encarregam de vender de uma forma buscando vender direto nosso produto, e outra passando através das multinacionais que têm que vender pra eles, e eles comercializam pela quantidade e o volume – explica o presidente da Copronar, Darci Bortoloso.
A produção de Célio Francisco Colet, que planta 750 hectares, vai toda para cooperativa:
– Acho que faz muita diferença. A gente está se juntando aí e junta as forças e consegue negociar volumes maiores. Ajuda bastante, estamos sendo bastante beneficiados pela cooperativa – diz.
A história das cooperativas é também a história desta gente. Imigrantes que deixaram o Brasil há 30, 40 anos, arriscaram, venceram e não vão mais embora.
– Nasci no Rio Grande do Sul, mas vivi mais no Paraguai, e a gente se fez aqui no Paraguai. A gente ama a terra paraguaia, muito produtiva, aqui que deram os frutos – resume Célio Colet.