– Se a chuva continuar diminui a chance de ter problemas em lavouras como a de soja e a de milho. Se não, aumenta a probabilidade de ter efeitos maiores, com influência na formação de preços. Se as chuvas se comportarem com mais regularidade, isso vai mitigar esse comportamento de início de ano mais seco – afirmou o economista do FGV, André Braz.
Por enquanto, sem incorporar aos preços os efeitos da seca, as commodities agrícolas mostram que estão em “boa fase”. A soja em grão ampliou a queda de preços em fevereiro, no âmbito do Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), para -8,66%, de -2,62% em janeiro. No acumulado do ano, o recuo chega a 11,05%.
O milho em grão, que subiu 4,7% em janeiro, arrefeceu o ritmo em fevereiro, para uma taxa de 1,49%. No ano, a alta acumulada é de 6,26%. “É uma alta bem menos expressiva”, salientou Braz. Já o trigo apresentou uma queda bem menor, de 1,08% em fevereiro, depois de cair 3,5% em janeiro. Mas, embora tenha havido aceleração na taxa, Braz ressaltou que não chega a significar tendência de encarecimento do produto.
Segundo o economista, esses comportamentos podem ter repercussão positiva sobre outros produtos, no sentido de desacelerar a inflação ao consumidor.
– Tendência é que alimentação ao consumidor decresça não só pelas lavouras, mas por conta de itens mais básicos (como aves, bovinos, arroz, feijão e massas), cuja oferta deve ser maior do que em 2013 – disse Braz.
Dentro do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-10), que subiu 0,07% em fevereiro, as matérias-primas brutas (grupo que engloba as commodities agrícolas) gerou impacto de -0,45 ponto porcentual, segundo Braz.
Carnes
No caso dos bovinos, o efeito da seca já não passa tão despercebido, na avaliação de Braz.
– A seca mitiga um pouco a desaceleração. O patamar de recuo da carne pode estar menor do que seria dentro de um volume de chuvas maior. O gado que está sendo sacrificado para atender à demanda está realmente mais magro, dependendo de pastagens menores – disse.
Apesar de não recuar tanto quanto poderia, os bovinos subiram 1,07% em fevereiro, contra 2,62% em janeiro. No ano, a alta acumulada é de 3,72%, e em 12 meses, de 14,81%. Dentro dos bens finais, os cortes bovinos também desaceleraram para 0,89% em fevereiro, de 3,96% em janeiro.
– Continuou subindo, mas em ritmo bem menor, acompanhando o preço do boi no pasto. Acredito que vá desacelerar para menos de 1% (ao mês), podendo apresentar taxas negativas no fim do primeiro trimestre – previu.
Braz ressalta que, em fevereiro, a carne não deve ter o mesmo papel de vilã como foi no primeiro mês do ano. No Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, a alta do item em janeiro foi de 3,07%, com impacto de 0,08 ponto porcentual.