Preços do café arábica sobem 30% devido ao tempo quente e seco

Segundo Cepea, a estiagem já preocupa o desenvolvimento da safra 2015/2016Apesar de algumas chuvas recentes, o tempo quente e seco nas principais regiões produtoras de café do Brasil no início deste ano já afetou o desenvolvimento dos grãos da temporada 2014/2015. Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), destacam que esse cenário tem elevado expressivamente os preços externos e domésticos do arábica.

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Desde o começo deste ano, o Indicador Cepea/Esalq do arábica tipo 6 bebida dura para melhor, posto em São Paulo, já subiu 30%, ou quase R$ 83  por saca, fechando a R$ 369,79 a saca de 60 quilos nessa terça, dia 18.

Somente em fevereiro, a valorização já é de 22%. Na Bolsa de Nova York (IVE Futures), o contrato de arábica com vencimento em maio subiu expressivos 1.255 pontos ou 9% nessa terça, fechando a 154,85 centavos de dólar por libra-peso. Esse foi o maior valor desde janeiro de 2013 e a variação diária mais intensa em quase 10 anos.

Sobre o rendimento da safra 2014/2015, alguns colaboradores do Cepea comentam que muitos danos podem ser irreversíveis, porém ainda não há dados oficiais em relação às perdas. Uma melhora das lavouras requer mais chuvas, mas, para os próximos dias, os serviços de meteorologia apontam precipitações só para algumas áreas do Paraná e de São Paulo, e de forma isolada.

No início de janeiro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimava a safra atual de arábica (bienalidade positiva) em 37,53 milhões de sacas, queda de 8% na comparação com a temporada anterior. Segundo a Conab, a redução seria resultado do menor investimento nas lavouras em decorrência dos baixos preços ao produtor desde o final de 2012. Vale lembrar que essa expectativa não levava em consideração o clima seco e quente que persistiu em janeiro e em parte de fevereiro – o volume final deve ser ainda menor.

Segundo pesquisadores do Cepea, a estiagem já preocupa, inclusive, o desenvolvimento da safra 2015/2016. Isso porque a falta de umidade pode debilitar as plantas, interferindo no vigor e na produtividade dos cafezais.

O expressivo avanço dos preços internos reflete também em uma recuperação, depois das fortes quedas verificadas, principalmente, no correr de 2013. A razão para o grão ter se desvalorizado no ano passado foi o aumento na produção mundial em ritmo mais acelerado que a demanda, resultando em elevação dos estoques finais.

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