>> Preços do café arábica sobem 30% devido ao tempo quente e seco
O contrato futuro do café arábica com vencimento em março subiu 1.275 pontos, ou 9,1%, para a máxima em 13 meses de 152,65 centavos de dólar por libra-peso na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). Esse foi o maior aumento porcentual em um dia desde novembro de 2004.
Investidores estão impulsionando os preços em meio a preocupações de que a oferta do Brasil, maior produtor mundial, possa encolher significativamente. O tempo quente e seco no país pode ter atrofiado os estágios iniciais e cruciais do desenvolvimento de grãos. Apesar das chuvas a partir do fim da semana passada em áreas produtoras brasileiras, as plantas não receberam umidade suficiente.
Mesmo assim, muitas torrefadoras compram grãos com meses de antecedência, o que lhes permite enfrentar altas de curto prazo no mercado de futuros. Porém a magnitude do rali deste ano é tão grande que algumas torrefadoras e redes de cafeterias poderão ter de aumentar os preços nas próximas semanas, disseram alguns analistas.
José Fernandes III, vice-presidente da Socafe, torrefadora e empresa de comercialização de café em Newark, Nova Jersey, disse que, se os preços futuros permanecerem nos níveis atuais pelos próximos 15 a 30 dias, ele começaria a avaliar se ajustaria os preços de varejo.
– Felizmente, nós compramos a maior parte de nosso café quando os preços estavam mais baixos, e temos reservas – afirmou Fernandes.
A volatilidade no mercado futuro representa um desafio para torrefadores como Fernandes, porque torna mais difícil prever quanto os grãos vão custar quando chegar a hora de fazer uma nova compra. O arábica é normalmente utilizado em blends gourmet e apreciado por seu sabor suave.
Consumidores não devem ver um forte aumento imediato no custo de uma xícara. Os preços mais altos devem ocorrer primeiro em latas e sacos de café vendidos no varejo. Isso porque o custo dos grãos representa uma parcela menor do preço em cafeterias. Nas lojas Starbucks, por exemplo, o café responde por apenas 8% a 10% das despesas operacionais, afirmou a empresa.
– A oferta não será totalmente esgotada por ora e as empresas de café estão acostumadas com a volatilidade no preço de seu ingrediente mais importante – disse Dana LaMendola, analista de bebidas da empresa de pesquisa de mercado Euromonitor International.
A Starbucks disse que não comentaria planos de precificação ou estratégias futuros, e a Green Mountain Coffee Roasters não retornou imediatamente pedidos para comentar o assunto.
No entanto, a chuva nos próximos dias e semanas ainda pode reduzir o prejuízo na safra deste ano, afirmaram analistas.
– Seria difícil acreditar que o café está se aproximará de US$ 2 durante o próximo mês sem ter notícias concretas – sobre o tamanho dos danos no Brasil.
Produtores devem começar a avaliar os prejuízos no final deste mês, quando as cerejas do café estarão mais desenvolvidas. A previsão do tempo para regiões cafeeiras do Brasil ainda aponta temperaturas acima do normal e chuvas escassas nos próximos cinco dias, de acordo com o serviço meteorológico DTN.