Fiesp e OCB lançam Índice de Confiança do Agronegócio Brasileiro

IC Agro, divulgado trimestralmente, apresenta informações sobre a percepção econômica de produtores agropecuários, cooperativas e indústriasO Departamento de Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Deagro/Fiesp) e a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) lançaram, na manhã desta segunda, dia 24, em São Paulo, o Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro), que apontou que produtores e indústrias estão cautelosos.

A partir deste mês, o Deagro e a OCB passam a mensurar a percepção dos agentes do agronegócio em relação a um conjunto de informações que impactam a atividade, como a situação da economia brasileira, do setor, disponibilidade de crédito, expectativa de investimento, preços e produtividade. O IC Agro será divulgado trimestralmente e tem como objetivos compreender os pontos de convergência e divergência entre os elos da cadeia produtiva, medir a disposição de realizar novos investimentos e antecipar mudanças de tendências.

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– O IC Agro, primeiro produto do tipo no Brasil, será uma ferramenta essencial para toda a cadeia produtiva. É um material de referência e sem dúvida será usado para auxiliar a tomada de decisões das indústrias, empresários e cooperativas, frente aos resultados obtidos. Por outro lado, ele também pode ser usado pelo governo como um termômetro já que permite apontar as necessidades de implementação e melhoria de políticas públicas para o setor – explica o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

O presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, reforça a opinião de Skaf e chama a atenção para o benefício direto ao produtor cooperado.

– Teremos a oportunidade de olhar o agronegócio de maneira integrada, já que as cooperativas são agentes importantes nesse contexto, dentro e fora da porteira. Elas são verdadeiros centros de segurança para os seus cooperados e, com as informações do IC Agro, poderão rever estratégicas e identificar novos caminhos para potencializar a competitividade dos seus associados – relata.

Metodologia

Para melhor captar as percepções de todos os elos que envolvem o agronegócio, a pesquisa de campo – realizada pelo Agro Ipes – consultou agentes que atuam antes, dentro e depois da porteira da fazenda.

No primeiro e no último grupo foram realizadas cerca de 40 entrevistas com indústrias fornecedoras de insumos e serviços aos agricultores, além de cooperativas e indústrias compradoras de commodities agrícolas e produtoras de alimentos.

Já no quadro “dentro da porteira” foram realizadas 1,5 mil entrevistas, sendo 645 válidas, com produtores agrícolas e pecuários. As consultas foram feitas entre novembro de 2013 e janeiro de 2014.

Resultados

Neste levantamento que dá início à série histórica, o IC Agro registrou 104,5 pontos em uma escala que varia de 0 a 200, sendo 100 o ponto de neutralidade. Desta forma, o primeiro resultado demonstra um otimismo cauteloso por parte dos segmentos entrevistados.

A confiança dos produtores, entretanto, ficou um pouco abaixo do índice geral, com 97,5 pontos. Dos três elos da cadeia, o que mais contribuiu positivamente para a formação do índice geral foi o “antes da porteira”, que fechou o trimestre em 109,8 pontos.

O gerente do Deagro, Antonio Carlos Costa, explica que os resultados podem ser melhor compreendidos a partir do momento em que se avaliam as variáveis que mais impactaram o resultado, tanto para cima, quanto para baixo.

– O pessimismo em relação à economia brasileira é comum às indústrias e aos produtores, que registraram idênticos 84,9 pontos. Ao mesmo tempo, a confiança no setor puxou o resultado para cima, com 105 pontos na avaliação do produtor e importantes 123,5 pontos na expectativa da indústria – afirma.

Segundo ele, o índice hoje mostra um otimismo moderado do agronegócio como um todo.

– O produtor com uma tendência de pessimismo e a indústria de otimismo. O que realmente puxou para baixo o otimismo foram os produtores de café, de cana-de-açúcar e de laranja; apesar que, na última semana, houve uma recuperação de preço do café, mas foi um fato climático e a pesquisa foi feita antes. Os produtores de soja e de algodão puxaram o índice pra cima – relata Costa.

Preocupações x Investimentos

O IC Agro também mediu as preocupações atuais do produtor agropecuário: clima, preço de venda do produto e aumento do custo de produção lideram a lista de um questionário, seguidos pela alta incidência de pragas e doenças, falta de trabalhador qualificado, legislação ambiental e trabalhista, além da infraestrutura logística.

Questionado sobre a disposição em realizar investimentos adicionais aos que faz normalmente, o produtor agrícola respondeu que os recursos iriam, em sua maior parte, para o controle de pragas, doenças e ervas daninhas, aquisição de máquinas e implementos, armazenagem e formação técnica dos operadores de máquinas e equipamentos.

– É interessante notar que a intenção de investimento do produtor está diretamente direcionada à resolução dos problemas por ele apontados. É muito clara a disposição em investir, por exemplo, em máquinas e implementos para mitigar o aumento do custo de produção e a preocupação com os problemas trabalhistas. Ao mesmo tempo, o incremento na venda de máquinas e a falta de trabalhador qualificado geram a necessidade de fortes investimentos na formação técnica dos operadores de máquinas e implementos – diz Benedito Ferreira, diretor titular do Deagro.

Já o produtor agropecuário pensa em investir em reforma e recuperação de pastagens e manejo rotacionado do pasto.

Outros destaques da pesquisa foram o alto índice de escolaridade e a redução na média de endividamento.
 
 – Me chamou muito a atenção nas pesquisas, o alto índice de escolaridade dos agricultores e dos filhos dos agricultores. O índice mostra nível de 5% de grau superior entre os agricultores e mais de 70% entre os filhos dos agricultores. Assim como também, o setor está capitalizado, o índice de endividamento é muito pequeno. Aquela que era uma preocupação há alguns anos, hoje é a última preocupação. O setor trabalha capitalizado, tanto o agrícola quanto o pecuário. O pecuário mais que o agrícola, mas o setor trabalha com mais solidez – afirma Skaf.

A confiança no governo e na economia também foi avaliada e o resultado demonstra insatisfação.

– A pesquisa mostra confiança em tudo aquilo que depende do próprio agricultor, do seu trabalho, da sua competência; porque nós sabemos que essa é uma classe de guerreiros. São pessoas competentes, que se dedicam. E há insegurança no que depende dos governos, da economia. Isso eu também creio que o resultado seria diferente se fizéssemos as pesquisas em qualquer outro setor produtivo – conta Skaf.

Para ver o estudo completo, acesse o site do IC Agro.

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