Carnaval Vermelho já ocupa 24 propriedades em São Paulo

'O Estado só funciona na pressão', diz José Rainha JúniorO número de áreas ocupadas por integrantes da Frente Nacional de Lutas (FNL) no oeste do Estado de São Paulo chega a 24, na tarde desta segunda, dia 3. O foco da ação Carnaval Vermelho, organizada por José Rainha Júnior, é a região do Pontal do Paranapanema, Alta Paulista e Noroeste do Estado.

A ação acontece em Araçatuba, onde 10 fazendas estão ocupadas; Marabá Paulista, onde estão cerca de 220 famílias em três propriedades; e Presidente Bernardes, com 140 famílias. As demais ocupações estão nas cidades de Dracena, Pauliceia, Rancharia, Assis e Andradina.

No final da tarde, segundo informações do jornal O Estado de São Paulo, a Justiça havia determinado a desocupação de nove das 24 propriedades invadidas.

José Rainha afirma que as invasões ocorrem para cobrar agilidade do governo para cumprir o assentamento de 700 famílias do Pontal do Paranapanema, anunciado na última sexta, dia 28, pelo Instituto de Terras do Estado (Itesp).

– É preciso pressionar o governo. O Estado só vai na pressão, não tem iniciativa. O papel do Itesp seria antecipar a  resolução e não esperar as ocupações – diz José Rainha Júnior.

Os novos assentamentos são resultado de um convênio firmado entre o Itesp e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), com investimento de R$ 55,865 milhões. O convênio prevê a reversão de terras públicas e tem duração de dois anos. No entanto, o articulador do Carnaval Vermelho aguarda a execução de todo o convênio ainda em 2014.

Segundo José Rainha, parte das fazendas invadidas já foram alvo de julgamento e foram consideradas terras públicas, o que está em questão agora é a posse dessas áreas.

– A ideia é que o Estado notifique os fazendeiros para um acordo e resolva a situação. Mesmo que não haja o acordo, o Estado pode entrar com uma ação reivindicatória e antecipar o valor aos proprietários – disse o líder da ação.

Integrantes da Frente Nacional de Lutas afirmam não ter intenção de resistir à reintegração de posse das áreas invadidas, mas os esforços para chamar a atenção do governo não vão cessar. A FNL tem uma reunião com o Itesp, agendada para esta sexta, dia 7, na qual espera discutir prazos, etapas e o cadastro das famílias que serão assentadas e informou que as mobilizações continuarão, caso as necessidades não sejam atendidas.

Em nota divulgada para a imprensa na tarde desta segunda, dia 3, o Itesp afirmou que o governo de São Paulo “é contra as ocupações” e que o Estado “desenvolve uma política transparente de implantação de assentamentos e está sempre aberto aos diálogos objetivando soluções pacíficas para as questões que envolvem o tema”.

O Itesp também afirma que, desde 1984 foram implantados 112 assentamentos na Região do Pontal do Paranapanema e que, de 1995 a 2014, foram investidos R$ 35 milhões nos assentamentos da região.

Na sexta, dia 28, o governo de São Paulo havia anunciado que investiria R$ 11 milhões nos assentamentos região durante este ano de 2014, com recuperação de estradas internas de 68 assentamentos, construção de poços artesianos, reformas de equipamentos comunitários e compra de insumos e materiais.