Em plena safra, preços do boi gordo estão valorizados

Estiagem em São Paulo e excesso de chuvas em Mato Grosso elevaram os preços nas duas praçasOs preços do boi gordo em São Paulo e em Mato Grosso estão se valorizando em plena safra, mas os motivos não são os mesmos. Em São Paulo as pastagens ainda não se recuperaram do forte veranico iniciado em meados de janeiro, o que ainda impacta a oferta e as cotações do animal terminado por lá. Já em Mato Grosso, o que vem prejudicando é o excesso de chuvas, impedindo, em alguns casos, o escoamento da produção do campo à indústria, além de favorecer o surgimento de problemas nos pastos, como as c

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Os dados do boletim semanal da bovinocultura do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), mostram preços médios da nona semana de cotação em 2014 5,19% e 7,94% mais valorizados que as cotações médias da primeira semana deste ano, em São Paulo e em Mato Grosso, respectivamente.

O resumo desse cenário foi a diminuição do diferencial de base entre as duas praças do boi gordo, atingindo nas cotações mais atuais um valor próximo a 15%, que é uma situação mais favorável à encontrada nas primeiras semanas de cotação de 2014, porém ainda é um diferencial alto em comparação à média histórica.

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Oferta e demanda

Os patamares de preços estão elevados para um período de safra e a tendência ainda é de alta no mercado do boi gordo. Se analisadas somente as nove semanas de cotação deste ano, constata-se uma alta de 5,19% e 7,94% no valor da arroba do boi gordo em São Paulo e Mato Grosso, respectivamente. Em valores, São Paulo iniciou o ano com uma cotação semanal média de R$ 114,52 a arroba e encerrou a nona semana de levantamentos de preços com uma média de R$ 120,47 a arroba. Mato Grosso, por sua vez, iniciou a primeira semana do ano com um preço médio do boi gordo de R$ 96,66 a arroba e encerrou a semana atual com o preço médio de R$ 104,33 a arroba.

Em meio a todo esse cenário, a diferença de preço entre as duas praças está diminuindo, deixando o patamar de 18,5% da primeira semana do ano para atingir a atual diferença de 15,5%, a mais baixa do ano de 2014, porém, ainda acima da média histórica (13,4%).  Reposição

O levantamento de preços do gado de reposição do Imea revelou que a vaca solteira passa por ajustes positivos recorrentes. Para se ter uma ideia, em março de 2013 a vaca solteira foi cotada a R$ 817,15 por cabeça, já em março deste ano, o valor saltou para R$ 1.009,29 por cabeça, uma valorização de 23,51%. A vaca solteira não apresenta desvalorização no preço desde junho do ano passado.

O boi gordo apresentou, também, uma alta forte (21,17%) no período analisado. Em março passado um boi gordo de 16,5 a arroba obteve a cotação de R$ 1.417,26 a cabeça, já em março deste ano esse animal é cotado, em média, a R$ 1.717,26 a cabeça. Essas altas da fêmea fizeram a relação de troca diminuir até um nível abaixo da relação de troca média histórica (1,71), sendo possível adquirir 1,70 vacas solteiras com um boi gordo.

Relação de troca

Utilizada no combate de parasitas internos e externos, como bernes e vermes redondos, a abamectina está em queda em Mato Grosso. Conforme o Imea, na comparação anual de janeiro de 2013 a janeiro de 2014 o preço médio foi de R$ 43,41 o litro para R$ 26,27 o litro, respectivamente, uma desvalorização de 39,48%.

Nesse mesmo período, quando analisado o preço do boi gordo, nota-se uma variação positiva de 15,16%, partindo de R$ 84,51 a arroba em janeiro de 2013 para R$ 97,33 a arroba em janeiro deste ano. Desta forma, observa-se que a relação de troca entre a arroba do boi gordo e a abamectina aumentou, melhorando o poder de compra do bovinocultor de corte mato-grossense.

Em números, em janeiro de 2013 o poder de compra foi de 1,95 litro a arroba, já em janeiro de 2014, de 3,71 litros a arroba, a melhor relação de troca na série de preços do Imea.

Exportações

Os dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria e Comércio (Secex) trouxeram surpresas no ranking dos principais destinos das exportações mato-grossenses. A mais importante delas é a volta da Rússia como o principal importador de carne mato-grossense.

O volume exportado em janeiro para os russos foi de 5,15 mil TEC (toneladas de equivalente carcaça), participando assim com 18,25% das exportações do Estado. Outro país que surgiu entre os principais exportadores em janeiro foi o Egito, responsável por 17,58% de participação e somando um total de 4,96 mil TEC. Completando o ranking dos três principais destinos está o Oriente Médio, com 16,80% das exportações e 4,74 mil TEC compradas de Mato Grosso.

O destaque negativo ficou por conta da Venezuela, que despencou no ranking de volume exportado. Em dezembro o país importou 9,58 mil TEC e em janeiro o volume caiu para 3,91 mil TEC ou 13,86% de participação do total.

Confinamento

Falta de pasto aquece o mercado de confinamento. Neste momento, o Boitel se torna uma alternativa viável para engordar os animais. Veja mais informações na entrevista com o gerente executivo da Assocon, Bruno Andrade.

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