– Na safra 2011/2012 que foi muito afetada pela seca na região Sul, foram comunicados 4000 sinistros. Este ano a seca atingiu outras regiões e ampliou o evento e também a quantidade – diz o superintendente de Operações do Grupo Segurador Banco do Brasil Mapfre, Luiz Antônio Digiovani.
As lavouras de grãos estão entre as mais prejudicadas pelo clima neste ano. A Federação de Agricultura do Paraná estima perdas de mais de R$ 40 milhões devido à estiagem. Já a Federação de Agricultura do Mato Grosso, calcula prejuízo de R$ 500 milhões nesta safra, mas por lá o problema é o excesso de chuvas na época da colheita. Entidades pedem maior apoio do governo federal e a regulamentação do Fundo de Catástrofe que foi criado em 2010, mas ainda não saiu do papel.
– Há uma preocupação em alertar mais uma vez as autoridades do governo federal. Não podemos ficar num país tropical, em São Paulo ou qualquer outro Estado, sem uma regulamentação de um programa de catástrofes como esse. Estamos sem saber quais são os recursos e as medidas técnicas que o governo vai adotar – salienta o Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), Fabio Meireles.
Na propriedade do sojicultor, Júlio César Ignácio, de Piracicaba, no interior de São Paulo, as plantas não cresceram e ficaram com a metade do tamanho normal. A colheita vai acontecer em duas semanas, mas já tem planta pronta para colher. O desenvolvimento irregular foi uma das consequências do clima. Abrindo as vagens, o produtor vê que muitos grãos não se formaram direito e são perdas na certa. O produtor acredita que vai colher no máximo 30 sacas de soja por hectare. Entre janeiro e fevereiro, o sojicultor contou 25 dias sem chuva. Ele conta que ficou complicado o combate a pragas e as lagartas se multiplicaram na lavoura.
– O clima seco faz com que os produtos aplicados não tenham o mesmo efeito do que numa condição normal. Então, a gente usa produto em vão porque acaba não combatendo as pragas da lavoura – lamenta Ignácio.
O produtor conta que já tinha trabalhado com lavouras de milho, melancia e abóbora. Ignácio diz que esta foi a primeira vez que resolveu plantar soja e justo nesta primeira experiência, enfrentou o clima quente e seco do início do ano. Por sorte, Ignácio havia feito seguro da área plantada e pelo menos vai minimizar as perdas com a estiagem.
– Fui até o Banco do Brasil e fiz o requerimento do seguro. O banco mandou um técnico vistoriar a área de soja e chegou a conclusão de que já estaria com 50% da lavoura comprometida – diz.
O sojicultor fez o Proagro, seguro que garante somente as despesas de custeio, mas há também tipos de apólices que asseguram a lucratividade da lavoura.
– Existia uma grande demanda do setor produtivo que era de um seguro de renda, que garantisse para o produtor faturamento. Nós oferecemos isso há três anos. A procura por este seguro vem aumentando a cada ano e isso também contribui par ao aumento das apólices – diz Digiovani.
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