Balança comercial encerra o primeiro trimestre do ano com pior desempenho da história

Importação de petróleo foi apontada como responsável por 76% do saldo negativo do período, que foi de US$ 6 bilhõesA balança comercial de março fechou com superávit de US$ 112 milhões, mas o saldo do primeiro trimestre do ano foi negativo. Com deficit de US$ 6,1 bilhões, os dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) nesta terça, dia 1, apontam para o pior trimestre da história. A importação de petróleo foi apontada como responsável por 76% do saldo negativo do período.

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Os recordes em volume de exportações no primeiro trimestre de 2014 foram atingidos pela carne bovina in natura e pela soja. A carne cresceu 14%, alcançando US$ 1,3 bilhão de dólares. Já a soja, mesmo com preço em queda, foi o produto que teve maior aumento das vendas para o exterior: 84% a mais em relação ao mesmo período do ano passado, somando US$ 4,5 bilhões.

Soja

O Brasil embarcou para o exterior em março 6,229 milhões de toneladas de soja em grão, volume 76% superior ao exportado no mesmo mês de 2013 (3,535 milhões de t) e 123% maior que as 2,789 milhões de t de fevereiro deste ano. O aumento do volume puxou a receita com as vendas da oleaginosa, já que o preço médio da tonelada exportada em março ficou abaixo do mesmo mês do ano passado: US$ 505 ante US$ 540. Assim, a receita atingiu no mês passado US$ 3,147 bilhões, 64% maior que a de março de 2013, de US$ 1,910 bilhão.

No acumulado do primeiro trimestre os embarques de soja em grão somam 9,0 milhões de toneladas, 100% mais que as 4,5 milhões de t nos três meses de 2013. A receita no período foi de US$ 4,54 bilhões, 87% superior à de 2,42 bilhões registrada no trimestre de 2013.

Os embarques de farelo de soja somaram 727,0 mil toneladas em março, acima das 616,9 mil toneladas do mesmo mês de 2013 e das 506,6 mil t de fevereiro deste ano. A exemplo do que ocorreu com o grão, o aumento da receita com farelo também refletiu o maior volume embarcado já que o preço médio da tonelada em março foi de US$ 498,8, menor que os US$ 502/t de março de 2013 e dos 532,8/t de fevereiro último.

A receita atingiu US$ 362,6 milhões, ante US$ 309,7 milhões em março do ano passado e US$ 269,9 milhões em fevereiro de 2014. No acumulado dos três meses do ano as vendas externas de farelo de soja geraram receita de US$ 1,027 bilhão a partir de um volume de 2,135 bilhões de toneladas embarcadas.  

Milho

Os embarques de milho em março caíram pela metade tanto na comparação com igual período de 2013 quanto ante o mês de fevereiro. Em volume, as exportações do mês passado somaram 557,7 mil toneladas, 99,96% abaixo das 1,608 milhão de toneladas exportadas em março de 2013 e 99,94% a menos do que as 1,063 milhão de toneladas entregues em fevereiro deste ano.

Em receita cambial, as vendas ao exterior somaram US$ 112,6 milhões, 76,23% abaixo do que os US$ 473,9 milhões apurados em março de 2013 e 46,98% a menos do que o total obtido com os embarques de fevereiro, de US$ 212,4 milhões. O preço médio da tonelada exportada, no entanto, registrou o terceiro mês de alta, para US$ 212,3 por tonelada, acima dos US$ 199,8 por tonelada apurado em fevereiro. Na comparação com março do ano passado, quando o preço médio foi de US$ 294,6 por tonelada, houve retração.

No acumulado do primeiro trimestre de 2014, as exportações somaram 4,565 milhões de toneladas, 37,19% abaixo das 7,269 milhões de toneladas que já tinham sido destinadas ao exterior naquele período. Em receita, as vendas externas do cereal atingiram US$ 716,7 milhões, bem abaixo dos US$ 2,068 bilhões obtidos com as exportações no primeiro trimestre de 2013.
 
Café

A exportação brasileira de café em março passado (19 dias úteis) alcançou 2,556 milhões de sacas de 60 kg, o que corresponde uma elevação de 11,3% em relação ao mesmo mês do ano passado (2,297 milhão de sacas). Em termos de receita cambial, houve queda de 3,4% no período, para US$ 409,3 milhões em comparação com US$ 423,6 milhões em março de 2013.
      
Quando comparada com o mês anterior, a exportação de café em março apresenta pequena queda de 1,8% em termos de volume, pois em fevereiro passado o País embarcou 2,603 milhões de sacas. A receita cambial foi 13% maior, considerando faturamento de US$ 362,1 milhões em fevereiro.
      
No acumulado do primeiro trimestre, houve diminuição de 11,5% na receita cambial com exportação de café em grão. O Brasil faturou US$ 1,111 bilhão em comparação com US$ 1,255 bilhão no mesmo período de 2013. O volume embarcado, no entanto, avançou 17,7%, de 6,547 milhões de sacas para 7,705 milhões de sacas no primeiro trimestre deste ano.
 
Etanol

O Brasil exportou em março 77,3 milhões de litros de etanol, o que corresponde a uma alta de 5,17% na comparação com os 73,5 milhões de litros embarcados em março de 2013. O volume também é 17,65% maior que os 65,7 milhões de litros apurados em fevereiro passado.

A receita cambial com a venda do biocombustível alcançou US$ 52,7 milhões em março, um aumento de 3,74% ante os US$ 50,8 milhões registrados em março de 2013. Em relação a fevereiro, quando os embarques proporcionaram receita de US$ 39,8 milhões, houve alta de 32,41%. No acumulado do ano, foram exportados 335,8 milhões de litros de etanol (-47%), com receita de US$ 215,3 milhões (-48,5%). 

Açúcar

O Brasil exportou em março 1,553 milhão de toneladas de açúcar bruto e refinado, volume 29,12% menor que as 2,191 milhões de toneladas embarcadas em igual mês de 2013 e 13,72% inferior ao total de 1,80 milhão de toneladas registrado em fevereiro. Os dados do MDIC mostram que do total embarcado no mês passado 1,137 milhão de toneladas foram de açúcar demerara e 416,2 mil toneladas de refinado.

A receita obtida com a exportação total de açúcar no mês passado foi de US$ 587,5 milhões, 34,86% menor que a registrada em março de 2013 (US$ 901,9 milhões) e 17,63% inferior à de fevereiro passado (US$ 702,3 milhões).

No acumulado do ano, o Brasil exportou 5,491 milhões de toneladas de açúcar bruto e refinado (-12,4%). A receita acumulada com os embarques em janeiro e março atinge US$ 2,143 bilhões (-25,4%).

Laranja

A exportação brasileira de suco de laranja movimentou US$ 122,5 milhões em março deste ano, queda de 40% ante os US$ 204,5 milhões faturados no mesmo mês do ano passado e de 27,17% ante os US$ 168,2 milhões de fevereiro de 2014. O volume exportado de suco de laranja no mês passado atingiu 109,3 mil toneladas, queda de 39,18% na comparação com as 179,7 mil toneladas de março de 2013 e baixa de 31% ante as 158,4 mil toneladas de fevereiro.

O preço médio por tonelada de suco exportada em março, de US$ 1.120,50, foi 1,5% menor que os US$ 1.137,60 por tonelada de março do ano passado e 5,5% superior aos US$ 1.062,30 por tonelada de fevereiro.

No acumulado dos três meses do ano as vendas externas de suco de laranja atingem 493,7 mil toneladas, baixa de 11,82% ante as 559,9 mil toneladas do primeiro trimestre de 2013. A receita no período soma US$ 490,6 milhões, recuo de 23,52% ante os US$ 641,5 milhões de faturamento com exportações nos três meses iniciais do ano passado.

Carne bovina

Um pequeno aumento no volume exportado e uma queda de preços praticados em março fizeram com que a receita cambial das vendas externas de carne bovina in natura caísse pela primeira vez no ano na comparação com o mesmo mês de 2013. O valor ficou em US$ 384,1 milhões, recuo de 2,4% ante o montante de US$ 393,7 milhões de março de 2013. Em todos os meses de 2013 a receita também apresentou avanço nas comparações mensais anuais.

O volume embarcado de carne bovina in natura passou de 85,3 mil toneladas para 86,6 mil toneladas, aumento de 1,5%, enquanto o preço médio praticado no período foi de US$ 4.435 a tonelada. A indústria do setor já havia alertado para os preços. A justificativa é de que o mix de produtos vendidos no exterior havia se ampliado, com itens de menor valor.

Frango

As exportações de carne de frango in natura também tiveram recuo em receita. O montante em março foi de US$ 528,7 milhões, diminuição de 17,8% ante o de US$ 642,9 milhões do mesmo mês de 2013. Os volumes caíram 0,5%, passando de 296,5 mil toneladas para 295,1 mil toneladas. O preço médio praticado no período ficou em US$ 1.791 a tonelada, depreciação de 17,4%.

Já as vendas externas de carne suína in natura tiveram leve queda em receita, de 0,7%, passando de US$ 93,6 milhões para US$ 92,9 milhões. O volume exportado foi de 32,3 mil toneladas, recuo de 1,2% ante as 32,7 mil toneladas de março do ano passado. Entretanto, o preço médio praticado subiu 0,5%, para US$ 2.876 a tonelada.

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