Saca de feijão catarinense cai de R$ 215 para R$ 70

Estiagem reduziu produtividade e qualidade do grãoA safra do feijão, que se encerra nos próximos dias, não rendeu o esperado no meio-oeste e serra catarinenses. Na área de abrangência da Cooperativa Regional Agropecuária de Campos Novos (Copercampos), estimava-se colher 40 sacas (2,4 toneladas) por hectare, mas a média ficou entre 25 e 30 sacas.

Os produtores reclamam ainda da queda do preço do grão. No ano passado, alguns chegaram receber mais de R$ 200 por saca. Em 2009, o preço pago ao produtor oscila entre R$ 70 e R$ 80.

A falta de chuvas no início da safra diminuiu a qualidade do feijão e a produtividade de algumas lavouras. Em Curitibanos, a média colhida foi de 30 sacas por hectare. O frio e a seca prejudicaram o começo do plantio e o desenvolvimento da planta. As chuvas, a colheita. Em algumas propriedades houve um atraso de 15 dias na colheita do feijão. Segundo o engenheiro agrônomo Marcelo Capelari, a incidência de antracnose (fungo) contribuiu para a queda da produtividade.

A lavoura do produtor rural Andrigo Zanetto, de Campo Belo do Sul, na Serra, sofreu os efeitos do frio e da estiagem durante a safra. Ele já encerrou a colheita e não se agradou dos números da produção. Colheu 30 sacas por hectare, o que representou um prejuízo aproximado de 60% em relação à safra do ano passado.

Motivado pelo bom preço da comercialização de 2008, Zanetto e a família haviam ampliado a área plantada de feijão de 20 para 50 hectares.

? Os custos de produção, adubo, semente e tecnologia estão os mais caros dos últimos 20 anos. Em 2008, vendi a saca de feijão por R$ 140, neste ano, o preço caiu para R$ 60. Para piorar, ainda sofri com a seca e o frio ? disse, desolado, o produtor, que pretende reverter as perdas com os lucros da soja.

Compras do governo amenizam o prejuízo

Segundo o diretor executivo da Copercampos, Clebi Renato Dias, o ano será complicado para a comercialização do feijão devido à lógica de mercado. Em 2008, a safra teve um alto preço, alguns produtores venderam a saca do grão a R$ 215. Na safra atual, o preço varia entre R$ 70 e R$ 80. A instabilidade da cultura também favoreceu a queda.

? O preço cai rapidamente para o produtor e demora significativamente para a queda se refletir na mesa do consumidor. Com isso, o consumo é reduzido ? afirmou.

Ele lembrou que a decisão do governo federal em comprar 748 sacas por produtor foi uma ferramenta essencial para que os agricultores não registrassem perdas de 100% na cultura.

? O governo foi o salvador da pátria ao cumprir a política do preço mínimo. Os produtores agradecem ? finalizou.