RS passa a produzir plásticos à base de cana-de-açúcar

Última geração de derivados do álcool possibilita fabricação em escala comercial de resina 100% renovávelO Rio Grande do Sul abre um novo capítulo de sua história industrial. Será dado o primeiro passo para uma linha de produção inédita no mundo, a de plásticos feitos a partir de etanol. A última geração de derivados do álcool de cana-de-açúcar marca a fabricação em escala comercial de uma resina 100% renovável e certificada.

Uma especial combinação de fatores permitiu driblar a irrelevante produção gaúcha de cana. Antes da largada nas obras da fábrica da Braskem ? o lançamento da pedra fundamental nesta quarta, dia 22, às 16h30min, terá presença da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff ?, o plantio de cana no Estado ganhou chancela oficial, o chamado zoneamento. Até Montenegro, vizinho a Triunfo, foi incluído entre os indicados pelo Ministério da Agricultura.

? No Exterior, costumo mostrar dois frascos, um de plástico normal e outro feito com álcool. Digo que a diferença é só seu passado recente. Um é petróleo enterrado, o outro é gás carbônico na atmosfera ? relata Antonio Morschbacker, responsável pela tecnologia de polímeros verdes da Braskem.

Que tal um carro a álcool em um tanque feito de álcool?

Morschbacker levou de três a quatro meses para acertar a fórmula. Em abril de 2007, há dois anos, transformou pela primeira vez a matéria-prima volátil na resina que faz até tanque de combustível, como destaca Luiz Nitschke, líder comercial de polímeros verdes. Não impressiona um carro movido a álcool em um tanque feito de álcool?

Foi assim com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Quando soube, em abril de 2008, Lula se saiu com uma de suas tiradas: “Terei prazer em viajar para o Exterior levando o nosso primeiro carro verde, cheirando a cachaça. Não vai cheirar a cachaça, vai? Porque é capaz de eles começarem a lamber nosso carro lá fora”.

O plástico de etanol não tem cheiro nem sabor diferente do tradicional. Mas o charme de ser feito de gás carbônico retirado da atmosfera deve render preço 30% maior, conforme a Braskem. E, embora o foco seja o planeta, no sentido geográfico e ambiental, também cria expectativas gaúchas.