Baixo consumo da indústria e estiagem provocam queda no preço do algodão na entressafra

Preço do produto teve queda nos primeiros quatro meses do anoO consumo mais baixo por parte da indústria e a estiagem que castigou o país fizeram com que o preço do algodão apresentasse queda na entressafra. O movimento nos primeiros quatro meses do ano vem causando surpresa ao setor. A safra passada, reduzida a 1,3 milhão de toneladas, reforçou a tendência de valorização do produto.

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O preço da libra/peso chegou a US$ 2,26 em janeiro. Segundo os produtores, o problema é que, desde dezembro, a indústria vinha vendendo menos e não tardou para aparecerem os primeiros reflexos. Em menos de quatro meses, o valor da libra/peso baixou para US$ 2,07.

– No último trimestre, a indústria perdeu um pouco do poder de consumo em função de baixas vendas. O primeiro trimestre está sendo árduo e a economia brasileira não ajuda. O setor industrial é o primeiro a sofrer este impacto. A indústria está consumindo de 10% a 15% menos. Se a gente tinha consumo de 75 mil toneladas por mês, deve estar com 65 mil. Deu uma afouxada no quadro de oferta e demanda. A indústria está comprando estritamente o necessário, não está formando estoque – salienta o coordenador de algodão da Associação Brasileira de Indústria Têxtil (Abit), Alex Kurre.

A baixa do preço na entressafra, quando se esperava exatamente o contrário, é explicada pela situação da indústria. A taxa cambial acaba beneficiando a importação e a concorrência do produto asiático. A alta da energia aumentou de forma significativa o custo das empresas.

– Saímos de um preço de energia de R$ 120,00 e chegamos a R$ 800,00. Entre fiação e as tecelagens, a energia representa entre 15% e 30%. Dependendo do topo da indústria, é um impacto bastante grande – destaca Kurre.

Segundo a Abit, mesmo com estoques baixos, a indústria consegue se manter por mais dois meses, até a entrada da próxima safra, que deve apresentar 300 mil toneladas a mais do que a passada.

–  A área de plantio foi maior, pois Mato Grosso tinha plantado milho na safrinha e agora mudou para o algodão. A área deve ter crescido por volta de 30%. A expectativa é de uma safra de um 1,6 milhão toneladas. Este aumento de área vai refletir diretamente na exportação – afirma o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Marco Antonio Aluísio.

Segundo Aluísio, o problema para exportação é a variação da taxa cambial, em torno de R$ 2,20, o que não favorece a venda para fora do país.

– Quem vai reger o preço vai ser a exportação. A tendência é de que, durante o pico da colheita, os preços venham na paridade de exportação que, hoje, está abaixo dos preços. A tendência é ter um preço menor do que está hoje – diz.

Apesar dos preços mais baixos, os exportadores devem aproveitar o período entre os meses de junho e outubro.

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– Com estoques baxios no Estados Unidos, um dos mais baixos dos últimos anos, existe possibilidade de escoamento do algodão brasileiro. Com certeza, a exportacão vai ser o foco dos produtores e comerciantes nos meses de julho, agosto, setembro e outubro, quando se tem um volume maior da safra norte-americana entrando. É quando começa a fechar o espaço pro algodao brasileiro – diz Kurre.

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