Imea: Exportações de algodão de Mato Grosso terminam primeiro trimestre com queda de 55%

Demanda externa e safra menores são os principais motivos para redução, mas setor segue otimista para resultado final da safraCom aproximadamente 69 mil toneladas embarcadas, as exportações brasileiras de pluma de algodão referentes ao primeiro trimestre do ano registraram queda de 55%, quando comparadas com o mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados esta semana pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).

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A queda é consequência de uma demanda externa menor, em 2013 o volume de compra proporcionou suporte aos preços, que no primeiro trimestre de 2013 estavam na média de US$ 1.980/t, e no primeiro trimestre de 2014 estavam em US$ 1.918/t, também o Brasil contava com mais algodão proveniente de uma safra maior. A receita de US$ 130 milhões arrecadada no primeiro trimestre de 2014 foi 56% menor em relação aos US$ 301 milhões arrecadados no primeiro trimestre de 2013. Porém, a expectativa brasileira de exportação para a safra atual é otimista, e gira em torno de 550 mil toneladas.

No mercado futuro o contrato de algodão de julho/14 na Bolsa de Mercadorias de Nova Iorque teve uma semana histórica, com valorização de 2,2%, atingindo o maior valor desde que começou a ser negociado.

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Cotado a cents de US$ 94,32/lp (US$ 31,20/@) no final da semana, as elevações foram vertiginosas entre segunda, dia 28, e quinta, dia 01, resultado do relatório do USDA, que revelou atraso na semeadura dos Estados Unidos, em relação à média histórica dos últimos cinco anos, embora esteja adiantada em relação ao ano passado.

Lavouras americanas

A semeadura nos Estados Unidos atingiu 584 mil hectares na última semana, 13% da área total prevista de 4,5 milhões de hectares. Embora esteja avançando, a semeadura norte-americana apresenta atraso em relação à média histórica desta época do ano. Nos últimos cinco anos, a média para a última semana de março é 18% da área total já ter recebido a semente de algodão. Com os 13% registrados até o momento, o atraso é de 5%.

As condições de atraso na semeadura registradas nas lavouras norte-americanas foram o principal fator nas elevações registradas na Bolsa de Mercadorias de Nova Iorque. Além disso, na quinta, dia 01, o Conselho Nacional de Algodão dos Estados Unidos diminuiu a estimativa de produção para a safra 2014/15 em 6,8%, totalizando 3,3 milhões de toneladas. O motivo para a quebra é a seca registrada no Texas, Estado que ocupa com folga a posição de maior produtor dos Estados Unidos, e deve semear 2,6 milhões de hectares na atual safra.

No entanto, a estimativa ainda é de 19% de aumento em relação à safra passada, que foi de 2,8 milhões de toneladas. Com isso, o quadro é otimista para os produtores do Brasil, e principalmente de Mato Grosso, já que a paridade de exportações é um importante fator na formação dos preços internos.

Oferta e demanda

Os estoques chineses devem atingir 12,8 milhões de toneladas na atual safra. Por possuir grande quantidade de pluma, o país vem diminuindo muito suas importações. Na atual política interna, para se importar um fardo de algodão, é obrigatório que se consumam três fardos provenientes do mercado interno. Com isso, as importações devem ficar em 2,6 milhões de toneladas na safra 2013/14, queda de 42% em relação à safra 2012/13, e 51% em relação à safra 2011/12.

Na safra 2013/14, mesmo com a queda de 42% nas importações, e queda de 8% na produção, a oferta total do algodão chinês deve ser 167% maior do que a demanda. A expectativa é de que a China exerça uma política de redução de estoques ainda mais rigorosa e, dependendo da efetividade dessas políticas, em alguns anos, talvez se ouça falar em descarte de algodão por parte da China.