Pecuaristas de MS não venderão animais ao Independência

Dívidas do frigorífico com o setor representam apenas 8% do total que a empresa deveOs pecuaristas de Mato Grosso do Sul que têm dinheiro a receber do Grupo Independência se reuniram nesta quinta, dia 23, em Campo Grande, para definir o futuro das relações com o frigorífico. Eles decidiram que, em caso de retomada dos abates nas unidades instaladas no Estado, não vão vender mais animais para a empresa até que recebam garantias reais de que as dívidas passadas serão pagas.

No encontro, mais de 200 pecuaristas se reuniram para discutir o futuro das relações com o grupo, que pediu recuperação judicial no fim de fevereiro. A preocupação é com a falta de garantias da empresa de que a dívida com os fornecedores será paga.

Desde o fechamento de várias unidades da empresa, incluindo as três instaladas em Mato Grosso do Sul, a relação entre pecuaristas e frigorífico ficou abalada. Só em Mato Grosso do Sul, os produtores têm aproximadamente R$ 50 milhões a receber do grupo, segundo a Federação de Agricultura do Estado (Famasul). Agora, com a reabertura de uma das plantas da empresa em Minas Gerais e da sinalização de retomada dos abates na unidade de Nova Andradina (MS), a classe produtora se uniu e decidiu adotar uma nova postura nas negociações com o Independência.

O presidente da Famasul, Ademar Silva Júnior, confirma que a entidade pediu aos produtores que não entreguem mais gado para o Independência até que sejam dadas garantias reais de que as dívidas serão pagas.

Em Mato Grosso do Sul o Grupo Independência possui mais duas plantas frigoríficas, além da de Nova Andradina: em Campo Grande e Anastácio. A empresa é responsável por aproximadamente 20% dos abates de bovinos e, mesmo diante da crise, foi considerada a segunda principal exportadora do Estado no primeiro trimestre deste ano, com um faturamento superior a US$ 33, 7 milhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

De acordo com a Federação de Agricultura e Pecuária, o débito com os pecuaristas de todo o país corresponde a apenas 8% da dívida total do grupo, estimada em mais de R$ 3,1 bilhões. Por isso, a estratégia da classe produtora é agir coletivamente, para que este montante conste no processo de recuperação judicial do Independência .

A nossa equipe de reportagem entrou em contato com o grupo Independência. De acordo com a assessoria de comunicação, a empresa não foi comunicada oficialmente sobre a decisão dos pecuaristas de Mato Grosso do Sul e que, diante disso, por enquanto, não vai se manifestar sobre o caso.