Embarques de etanol devem perder receita em 2014, diz setor

Centro-Sul, principal região produtora do Brasil, deve exportar 1,7 bilhão de litros de etanol na atual temporada, volume 35,8% inferior aos 2,65 bilhões de litros de 2013/2014Exportações brasileiras de etanol devem perder receita em 2014, apesar da reação observada nos últimos meses. Representantes do setor afirmaram que o incremento registrado entre março e abril foi pontual e que a perspectiva para o restante da safra 2014/2015 é de queda no volume embarcado ante o ciclo passado, e, consequentemente, na receita.

– Uma janela para exportação foi aberta no curto prazo, combinando-se preços nos Estados Unidos e no Brasil, mas não vemos uma tendência de recuperação – disse o presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari.

Conforme ele, o Centro-Sul, principal região produtora do Brasil, deve exportar 1,7 bilhão de litros de etanol na atual temporada, volume 35,8% inferior aos 2,65 bilhões de litros de 2013/2014. Essa redução se deve à severa estiagem no início do ano e, principalmente, à perspectiva de uma importação menor pelos Estados Unidos. O país é o principal comprador de etanol de cana brasileiro, mas está para cortar suas metas obrigatórias de mistura do biocombustível na gasolina.

A receita gerada com exportação de etanol em 2014 acumula, até maio, queda de 30%, com US$ 410 milhões, mas, desde março, tem se mantido acima daquela observada em igual intervalo de 2013. De acordo com os representantes, a reação é “passageira”, resultado, basicamente, de preços mais atrativos do momento.

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mostram que, no mês passado, o preço do metro cúbico de etanol exportado atingiu uma média diária de US$ 708,20, valor 5,4% maior na comparação anual. Em março e abril, os preços não tiveram remuneração tão atrativa, mas foram compensados por volumes exportados 5,2% e 34,3% superiores, respectivamente – no acumulado do ano, os embarques ainda permanecem 30% menores, com 612,5 milhões de litros.

Para o presidente da Associação de Produtores de Bioenergia do Paraná (Alcopar), Miguel Rubens Tranin, esses números devem ser, no entanto, relativizados, pois a base de comparação é fraca.

– No início do ano passado, a oferta de etanol foi menor – afirmou, referindo-se ao término da safra 2012/2013, quando maior parcela de matéria-prima foi alocada para a produção de açúcar. Esse quadro se alterou com o aumento da mistura de anidro na gasolina, de 20% para 25%, em maio do ano passado, fator que respondeu em grande parte pelo mix alcooleiro da temporada 2013/2014.

Em 2014/2015, o Centro-Sul brasileiro deve produzir 25,87 bilhões de litros de etanol, aumento de 1,20% em comparação com os 25,57 bilhões de litros do ciclo anterior, de acordo com estimativa da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica). Desse total, 14,63 bilhões de litros serão de hidratado e 11,25 bilhões de litros, de anidro. A entidade representa 130 usinas de açúcar e etanol, responsáveis por mais de 50% do etanol e 60% do açúcar produzidos no país.

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Agência Estado