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O produtor Celso Galvão planta 50 hectares de cana-de-açúcar na cidade de Sumaré, a 120 quilômetros da capital do Estado. É um pequeno produtor, que a cada safra vende a produção direto para as usinas. Em setembro passado, Galvão realizou o corte na cana e, como acontece todo ano, ficou esperando pela chuva, que não veio. A seca castigou principalmente as canas mais velhas, de quinto e sexto corte. As mais novas sofreram menos, mas, mesmo assim, o impacto foi brutal na propriedade. As perdas vão chegar a 35%.
– A gente não sabe o que fazer. O preço faz quatro anos que não sobe, os insumos sobem todo ano, o carreto também, e a gente não sabe de onde vai tirar estes custos. A gente não tem uma luz no fim do túnel – lamenta Galvão.
Esta combinação desfavorável vem descapitalizando o produtor. A cada safra, a conta vai apertando mais com os custos de frete, carregamento, insumos, salários de funcionários. Galvão diz que as máquinas estão se deteriorando e, com a descapitalização, não sabe quando conseguirá repor.
– Se não tiver uma recuperação rápida, vai acabar, o produtor não vai resistir.
José Antônio Cardoso, outro pequeno produtor de Sumaré, começou a cultivar cana em 1977 hoje planta 45 hectares. Ele diz que é a primeira vez que está vendo a situação ruim para todos: usinas, grandes e médios e principalmente os pequenos produtores.
– Eu acho que o pequeno está sofrendo mais. Vamos esperar pra ver se o setor reage, e se a política reage. São dois fatores que contam muito para o produtor rural – diz Cardoso.
Normalmente, Cardoso colhe 120 toneladas por hectare mas, nesta safra, a quebra deve chegar a 30%.
– Faltou capital para tratar mais da cana. A quebra aumentou por falta de chuva e, também, de capital para investir nos tratamentos.
O engenheiro agrônomo Luiz Alberto Simoni, visita várias propriedades na região e conta que em alguns municípios as perdas podem chegar a 60%. Nem a possível chuva nos próximos meses vai resolver a situação.
– A chuva vai ajudar um pouco, mas o que passou não vai ser recuperado. Com certeza esta vai ser uma safra mais curta. Outro problema é que o pessoal que cortou cana no final da safra no ano passado, novembro e dezembro, vai ter que cortar a cana antes, e isto se der para cortar, pois ela pode estar tão pequena que não será possível cortar – avalia Simoni.
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