• Começa o vazio sanitário da soja em Minas Gerais
– A gente olha os talhões, vê as divisas da propriedade, até beira do asfalto. A gente orienta que os limites também fazem parte, porque é domínio da propriedade; nas beiras dos armazéns também, porque caem sementes. A gente orienta os produtores a fazer essa limpeza, tentamos ser o mais rigorosos possível.
Costa é responsável por fiscalizar quatro municípios do Médio Norte de Mato Grosso e tem que visitar propriedade por propriedade. A equipe do Rural Notícias acompanhou de perto o trabalho realizado pelo fiscal e, para surpresa, encontrou uma área com muitas plantas vivas de soja, algumas até produzindo. Conhecidas como plantas tigueras, elas são um prato cheio para a ferrugem asiática.
– A gente percebe que esse produtor teve boa vontade e, pelo o que se constatou, ele já fez duas dessecações aqui. Devido à umidade do solo, a soja rebrotou, então nós vamos dar um prazo de três dias para ele fazer esse serviço. Já tem um trator gradeando as bordaduras onde não tem mais umidade, e ele já está fazendo o manejo de destruição na área – demonstra o fiscal.
O proprietário da área cultiva 6,6 mil hectares de soja em Diamantino (MT). O produtor sabe da importância de se cumprir esse período de vazio sanitário. No ano passado, chegou a perder de dez a 15 sacas de soja por hectare por causa da ferrugem, motivo que faz com que o produtor tomasse todos os cuidados necessários para destruir as plantas vivas que aparecem depois da colheita. O problema é que, neste ano, o clima foi bem chuvoso na região, favorecendo a germinação. Apesar de todo o esforço, o produtor acabou sendo vencido pelas plantas vivas.
– O vazio sanitário é mais uma ferramenta que veio para ajudar a nós produtores. Essa área mesmo a gente fez uma dessecação pós-colheita, e depois disso deu uma chuva meio fora de época; esse ano foi muito chuvoso, tivemos que entrar mais duas vezes fazendo a dessecação. Quanto mais limpo a gente deixar, mais vamos evitar a pressão de ferrugem lá na frente – afirma o produtor, Lucas Conagesk.
A propriedade foi notificada pelo fiscal do Indea. Agora, o produtor tem o prazo de três dias para eliminar todas as plantas guaxas encontradas. Se no prazo estipulado, a ação não for concluída, a multa vai ser aplicada.
– É destruir tudo, ficar zero de plantas guaxas em qualquer área da fazenda, essa é a regra. Aqui, sempre foi um exemplo para os outros (Estados) nas questões de pragas, ervas daninhas e soja guaxa principalmente, mas o que ocorreu foram duas chuvas que não estávamos esperando, e as plantas daninhas acabaram nascendo. Em três dias, vai estar tudo limpo – justifica o gerente da fazenda, Sérgio Augusto Silva dos Santos.
Apesar do valor da multa ser alto – 30 Unidades Padrão Fiscal (UPF) mais dois UPF por hectare -, o número de autuações aplicadas nas propriedades este ano já ultrapassa a campanha do ano passado, dado que preocupa o Indea.
– Realmente esse número até nos surpreendeu, porque nós tivemos o vazio da soja em 2013, ao longo dos 90 dias, 41 autuações. E agora nós estamos com apenas 15 dias de vazio e já com 55. Isso nos preocupa, sabemos que a grande maioria dos produtores faz o dever de casa, faz a destruição dos seus restos culturais, não deixa as plantas guaxas em suas propriedades, mas tem um grupo de produtores, esses 55, que estão deixando de cumprir as medidas fitossanitárias – destaca o fiscal Roglaciano Arruda.
O número de autuações ainda pode aumentar. Até agora, mais de 850 propriedades já foram visitadas pelo órgão fiscalizador. Mais de 95 propriedades foram notificadas por apresentarem irregularidades. Por isso, a orientação do órgão é atenção total por parte dos produtores.
– A gente realmente pede ao produtor que ele tenha cuidado, faça a sua vistoria de campo e a destruição dessas tigueras. O vazio sanitário vem de encontro ao produtor, beneficiar o produtor para que quebremos essa ponte verde da ferrugem da soja, que é muito importante para Mato Grosso, é a nossa principal cultura, são mais de oito milhões de hectares de soja plantada no Estado, e temos realmente de ter muito cuidado com essa doença – alerta Arruda.
Os produtores autuados podem recorrer das multas aplicadas. O período para apresentar as justificativas é de 30 dias.
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