Usina começa a pagar cana e arrendamentos em atraso em Boituva (SP)

Crise do setor e seca descapitalizou Usina Santa Rosa, que somente agora conseguiu iniciar o pagamento dos fornecedoresProdutores de cana-de-açúcar de Boituva, interior de São Paulo, já começaram a receber parte da dívida pela cana fornecida e pela terra arrendada à Usina Santa Rosa. Atingida pela crise no setor sucroalcooleiro e pela pior seca das últimas décadas, a usina ficou descapitalizada e sem condições de pagar os agricultores. No mês passado, o Rural Notícias mostrou a situação e, hoje, nossa equipe de reportagem voltou ao local.

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Fundada em 1953, a Usina Santa Rosa atravessou seis décadas na mesma família, passando de geração em geração. Experimentou momentos de prosperidade e fases negativas, mas nenhuma comparada ao momento atual.

– A gente está há 61 anos no mercado e nunca viu uma coisa destas – diz o diretor-geral da usina, Luis Tiago.

O setor, que já vinha sendo castigado pela crise, foi vítima da pior seca dos últimos tempos no Estado de São Paulo. Sem dinheiro, sobrou para os fornecedores, como o Rural Notícias mostrou no mês passado. Somente agora a situação dos produtores começa a melhorar. O produtor José Antônio Vieira, por exemplo, vai receber R$ 110 mil em 12 vezes – a primeira parcela já foi paga.

– Nós fizemos um acordo pra fornecer a cana pra eles e receber o atrasado. Foi bom, nós vamos continuar recebendo e vamos continuar tocando – conta Vieira.

Vladimir Provasi, que estava há quatro meses sem receber pelos 240 hectares que arrenda para usina, teve dois meses quitados nesta segunda, dia 14. O restante deve ser pago até o fim do mês.

– A intenção deles é manter o acordo que tem conosco. Uma usina destas dá um monte de emprego, então é bom pra todo mundo se a usina der a volta por cima – diz Provasi.

Boituva tem cerca de 60 produtores de cana que enfrentam o mesmo problema e dependem da cultura, a principal na região, para sobreviver. Mas, mesmo com a boa notícia da negociação, os produtores temem pelo futuro. A Usina Santa Rosa não sabe o que pode acontecer a médio e longo prazo.

– Se não tiver incentivo, não sei o que fazer, ninguém está sabendo. A gente conversa com os outros e está todo mundo desesperado, com financiamentos mais difíceis, bancos se retraindo. Se não tiver incentivo lá de cima [do governo] não temos perspectiva nenhuma – analisa o diretor Luis Tiago.

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