MPT flagra trabalho análogo à escravidão em fazendas paulistas

Procurador afirmou que há pelo menos cinco anos não via uma situação tão grave no EstadoUma operação do Ministério Público do Trabalho (MPT) realizada entre terça, dia 15, e quarta, dia 16, flagrou mais de uma centena de colhedores de café em situações análogas à escravidão e duas menores, meninas com oito e nove anos, trabalhando em fazendas na região de Fartura, sul do Estado de São Paulo. Os procuradores do trabalho fiscalizaram quatro propriedades rurais e em todas encontraram trabalhadores sem registro em carteira, sem equipamentos de proteção individual e sem o fornecimento d

– Os proprietários das fazendas foram intimados a participar de audiências nesta quinta, nas quais poderão assinar um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) voluntário, no qual terão a chance de regularizar a situação trabalhista, pagar uma multa por dano moral a cada trabalhador pela condição degradante. Se não aceitarem, será feita uma ação civil pública que pode prever multas de pelo menos R$ 1 milhão e ainda uma ação criminal – explicou o procurador Marcus Vinícius Gonçalves, do MPT de Bauru (SP), um dos coordenadores da chamada Operação Café Amargo, que desde 2013 fiscaliza as lavouras da cultura no Estado.

Gonçalves afirmou que há pelo menos cinco anos não via uma situação tão grave como essa em São Paulo, comparável a flagrantes do MPT em fazendas no Amazonas e no Maranhão.

– Recentemente acompanhamos operações e encontramos a mesma situação (nos dois Estados), de descaso absoluto com o cumprimento da lei, como se o poder público não existisse e a Constituição e a CLT (Consolidação da Leis do Trabalho) fossem rasgadas – disse.

O procurador citou ainda, entre outras irregularidades, o flagrante de trabalhadores descalços e sem luvas, a falta de banheiros, mesas e cadeiras e locais adequados para refeições, bem como problemas no transporte.

– Ou o transporte era feito com peruas Kombi antigas, ou mesmo ônibus sem autorização para rodar e com o motorista sem habilitação específica para o transporte de trabalhadores – exemplificou.

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Agência Estado