Indea confirma caso de estomatite vesicular em bovino de Mato Grosso

Cento e trinta e nove propriedades rurais de Castanheira estão sendo investigadas e 49 foram interditadasO Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) anunciou nesta segunda, dia 21, a confirmação de um caso de estomatite vesicular em um bovino pertencente a uma propriedade do município de Castanheira, na região norte de Mato Grosso. Cento e trinta e nove propriedades rurais do município estão sendo investigadas e 49 foram interditadas porque outros animais também apresentaram os sintomas da doença.

A estomatite vesicular tem os sintomas facilmente confundíveis com os da febre aftosa e as doenças só podem ser diferenciadas com certeza através de exames laboratoriais – como o que o Laboratório Agropecuário Nacional (Lanagro) conduziu para chegar ao diagnóstico de Mato Grosso. Entretanto, é uma doença viral branda e de rápida cura, que atinge suínos, bovinos, equídeos, humanos e caprinos, em menor grau. Seus principais sintomas são salivação, lesões na boca, nos cascos, nos úberes e no focinho. No caso de Castanheira, as lesões foram detectadas na boca e no focinho e, em outra propriedade, no úberes.

De acordo com o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, a ocorrência de febre aftosa foi descartada e a situação está sob controle. Com o trabalho técnico em execução, ele acredita que a expectativa de prejuízos comerciais internacionais é pequena:

– Esses animais e essas propriedades estão interditadas para facilitar o controle e o monitoramento, nada mais além disso. É uma síndrome que se cura dentro de 21 dias, os animais não apresentam sintomas e muito poucos países costumam interromper as relações comerciais. Sabemos que existem alguns países que costumam impor restrições comerciais parciais, ou seja de Estado, para casos semelhantes a este.

De acordo com o médico veterinário do Indea/MT João Marcelo Nespoli, as investigações da doença tiveram começo em um procedimento rotineiro de vigilância animal:

– A origem da doença está sendo investigada. O primeiro animal doente foi detectado em uma investigação de trânsito interestadual, que é de rotina. Neste caso, ao abrir a boca, encontraram as lesões em um muar e um bovino. Estamos investigando de onde vieram os animais e para onde esta propriedade os enviou. Nessas propriedades, os animais doentes estão segregados e devem atingir a autocura em uma ou duas semanas.

Nespoli também forneceu orientações de conduta para os produtores da região:

– Os produtores têm que observar seus animais. Se identificarem sintomas como salivação ou dificuldade de alimentação, devem entrar em contato com o Indea para fazer a inspeção dos animais. O combate a artrópodes, moscas e carrapatos também é importante porque eles podem levar a doença de um animal a outro por transmissão mecânica. 

• GALERIA DE FOTOS: Veja sintomas de podem indicar estomatite vesicular no seu animal

 

  Confira a entrevista com Luciano Vacari, da Acrimat:

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• Confira a entrevista com  João Marcelo Nespoli, do Indea:

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• Veja abaixo a nota do Indea na íntegra:

No dia 20 de junho, o serviço veterinário oficial do município de Castanheira (MT), obedecendo a procedimentos padronizados para vigilância em propriedade rural que recebeu ingresso de animais provenientes de outro Estado, detectou sinais clínicos compatíveis com síndrome vesicular em um muar, considerado caso provável de estomatite vesicular.

Em virtude do avançado da hora, os médicos veterinários optaram por fazer os devidos preparativos e retornar à propriedade no dia seguinte, quando realizou-se a inspeção clínica em todos os suscetíveis existentes, ocasião em que encontrou-se um bovino com lesões  similares àquelas detectada no muar. Os animais inspecionados somaram 61 cabeças sendo 58 bovinos, dois equinos e um muar.

Foram colhidas amostras dos dois animais doentes para exame laboratorial, preenchidos os documentos sanitários pertinentes e interditada a propriedade para o trânsito de animais vivos, produtos, subprodutos de origem animal e materiais possíveis veiculadores do agente etiológico.

Na investigação inicial verificou-se que ambos os animais doentes pertenciam à carga proveniente da outra Unidade Federativa cujas Guias de Transito Animal, identificadas pelos números 547339-B, 547390-B e 547589-B.

Uma vez acionadas as instâncias superiores, em virtude do Estado de Alerta, foi convocado o GEASE – Grupo Especial de Atenção a Suspeita de Enfermidades Emergenciais ou Exóticas, foram nomeados os médicos veterinários componentes do grupo de emergência e convocadas as equipes de campo.

As amostras de epitélio e soro sanguíneo foram encaminhadas ao Laboratório de Referencia Nacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (LANAGRO-MG) em 22/06/2014 para análises. Até o momento foram investigadas 139 propriedades rurais no município, das quais, 49 foram interditadas em função de animais com sintomatologia vesicular, onde procederam-se coletas de amostras para exame laboratorial.

Os resultados laboratoriais recebidos descartam conclusivamente a ocorrência de febre aftosa. A sintomatologia clínica, achados epidemiológicos e resultados laboratoriais preliminares, reforçam a suspeita inicial de estomatite vesicular, cujas análises laboratoriais complementares estão sendo processadas no LANAGRO-MG.

Estão sendo executas ações de mitigação de risco, principalmente: desinfecção de instalações, restrição de trânsito animais vivos, produtos, subprodutos de origem animal e materiais possíveis veiculadores do agente etiológico e combate a artrópodes.