Mudança de atividade faz citricultor eliminar 1,8 mi de pés em São Paulo

Motivos são alto custo da produção, dificuldade para comercializar a safra e pragasRelatório da Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado aponta que no primeiro semestre deste ano citricultores erradicaram 1,8 milhão de pés de laranja para mudar de atividade em São Paulo. O motivo seria o alto custo da produção, a dificuldade para comercializar a safra e as muitas pragas que vêm prejudicando as lavouras.

Essas situações desfavoráveis, somadas ao abandono da cultura, foram responsáveis pela eliminação no total de 5,7 milhões de plantas no Estado. Somente em razão do greening ou ferrugem, como é mais conhecida esta doença, 2,2 milhões de pés de citros deixaram de existir. Também pesaram na redução da área plantada o cancro cítrico, que erradicou 60,5 mil plantas, além de outras doenças e motivos que levaram a eliminação de mais 1,8 milhão de pés.

• Leia também: Cade rejeita recursos e mantém formação original do Consecitrus

Os produtores são obrigados a encaminhar à Defesa Agropecuária documentos com informações sobre as lavouras. Foram recebidos 12.592 relatórios de greening e cancro cítrico, dando conta de que no Estado foram inspecionadas 198,2 milhões de plantas cítricas. Mesmo se a lavoura não tiver qualquer doença ou mesmo se abandonou a cultura, o citricultor tem a obrigação de informar o órgão sob o risco de ser multado em mais de R$ 10 mil.

Doenças como o greening não têm tratamento e quando detectada é preciso erradicar de imediato a planta para evitar que a praga se alastre. Já no caso do cancro cítrico, uma resolução baixada no final do ano passado desobrigou o produtor a erradicar a lavoura no raio de 30 metros a partir da planta contaminada. Em vez disso, ele tem agora de eliminar apenas a planta afetada e pulverizar a área com calda cúprica, que é uma solução feita a partir de sulfato de cobre.

Em queda

O número de plantas cítricas em São Paulo vem caindo ano a ano. No segundo semestre de 2013 já haviam sido erradicadas 3,5 milhões de plantas com sintomas de greening, 70,7 mil com cancro cítrico, 3,7 milhões com outras doenças e 4,5 milhões porque o produtor mudou de atividade. Nesse mesmo período, em contraponto, somente um milhão de plantas cítricas foram replantadas.

Entre as regiões com maior porcentagem de plantas eliminadas estão Limeira, Ribeirão Preto, Jaboticabal, Araraquara, Jaú e São João da Boa Vista. Para Flávio Viegas, presidente da Associtrus (Associação Brasileira dos Citricultores), problemas como o baixo preço pago ao produtor estão levando ao desinteresse pela citricultura.

Preço

Segundo ele, embora os custos de produção estejam por volta de US$ 8 por caixa de laranja tanto em São Paulo como na Flórida, nos Estados Unidos, o tratamento dado ao citricultor é bem diferente nos dois países.

– Enquanto os produtores daqui recebem em torno de US$ 4 a caixa, os de lá ganham US$ 14″ – exemplifica.

Levantamento do IEA (Instituto de Economia Agrícola), aponta que nos últimos dois anos houve uma redução no estado de 52,3 mil hectares, o que significou a eliminação de mais de 30 milhões de laranjeiras. Dessa área, 26% passou a ser ocupada por culturas de grãos, como a soja e o milho.

Agência Estado