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Faz pouco menos de 20 anos, que o produtor rural Dario Rolm de Moraes recorda da extensão rural sendo estendida até a propriedade.
– Antigamente ela funcionava, a gente via que a Casa da Agricultura, por exemplo, tinha uma ação mais direta com o produtor rural, ela vinha, visitava as propriedades, conhecia os produtores da região. A gente cedia até uma área para eles fazerem experimento com plantio de feijão, aplicação de agrotóxicos, mas hoje não tem mais esta extensão rural, eles sumiram, estão mais engavetados hoje do que 20 anos atrás – lamenta o produtor.
A situação foi mudando com o passar dos anos… Hoje, quem corre atrás é o produtor, e por outros motivos.
– Eu acabo visitando a Casa de Agricultura, para pedir uma licença ambiental, para poder pedir um financiamento, porque a burocracia hoje exige muita papelada. Precisa de uma autorização ambiental, disto, daquilo e a Casa de Agricultura está servindo para isto hoje – relata Moraes.
A partir da década de 1990, os institutos de pesquisa e a extensão rural sofreram um sucateamento e os órgãos foram obrigados a reduzir profissionais.
– Se pensou no Estado mínimo, em enxugar a máquina, só que em certos segmentos, se você enxugar, você acaba com o serviço. Existia um órgão chamado Embrater, que coordenava toda extensão rural no Brasil, todos os Estados, promovia debates, discussão da extensão, estabelecia diretrizes e passava recursos para os Estados. Ao enxugar a máquina, se jogou a “água com o bebê”. Ao extinguir a Embrater houve uma grande desarticulação em todo país. Estados que dependiam de recursos federais, praticamente extinguiram seus órgãos – relembra o presidente da Associação Paulista de Extensão Rural, Carlos Eduardo Galletta.
O setor vem passando por uma lenta recuperação. Na Coordenadoria de Assistência Técnica e Integral (Cati), de Campinas, interior de São Paulo, o número de capacitações vem crescendo nos últimos três anos. Em 2011 foram 340 atendimentos, em 2012, 450; e em 2013, 665 capacitações.
– O que fazemos é treinamento. Uma consulta que o produtor procurou é uma atividade, uma palestra é outra atividade, uma visita técnica, os cursos. O principal para transformar as tecnologias em realidade são os dias de campo que nós organizamos. Você pega uma tecnologia e coloca numa propriedade, aplica toda aquela tecnologia. Quando está tudo pronto e o resultado é positivo, a gente convida todos os produtores da região para ir ver – conta José Carlos Rossetti, coordenador da Cati.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura (Mapa), o Brasil tem hoje 516 mil médios produtores. O orçamento de 2014, destinado à capacitação e assistência foi de R$ 100 milhões, o suficiente para atender apenas 20% deste total. O orçamento para 2015 ainda não foi finalizado.
– Estamos no período de construção do orçamento e estudo, para verificar qual será o montante necessário para o próximo ano de 2015. Assistência técnica é fundamental para o desenvolvimento da agricultura brasileira, principalmente para os pequenos produtores rurais – afirma Caio Rocha, secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Mapa.
Os recursos estão sendo gerenciados pela Agência Nacional de Extensão Rural (Anater), recém criada pelo governo federal, com o objetivo de ocupar o vácuo que existe hoje, entre as descobertas científicas e a implementação delas no campo.
– A Anater está vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), por meio do contrato de gestão. Ela terá que cumprir o que nós contratarmos nesse contrato de gestão. Então, ela terá uma autonomia operacional, mas terá que gerar os resultados que nós queremos. Poderá contratar entidades públicas, privadas, ou cooperativas de assistência técnica. É buscando a melhor forma, a mais eficiente de levar esse serviço de qualidade e assistência técnica aos agricultores – diz Laudemir Muller, secretário executivo do MDA.
A Anater está vinculada ao MDA e não ao Mapa, a vinculação de dois ou mais ministérios às questões ligadas ao agronegócio é uma das propostas que constam no documento “Plano de ação do Agronegócio”, construído por especialistas com propostas para os programas de governo dos candidatos à presidência da República.
Entre as propostas estão:
– Medidas de apoio à educação, profissionalização, capacitação e acesso à tecnologia da informação, para os diferentes elos da cadeia produtiva, especialmente ao produtor rural e seus familiares;
– Diminuição do risco climático pela técnica de irrigação;
– Redução do tamanho do Estado, com menor número de ministérios para tratar das questões do agronegócio.
– Primeiro a escolha dos gerentes, nós estamos em época de Eleição, ganhe quem ganhe, nós vamos ter novos ministros e assessores. E aí é importante que haja meritocracia, competência, para entender as questões do agronegócio, da agricultura, dos produtores e tentar resolver – aponta o pesquisador da Embrapa Elísio Contini.
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