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A ideia de amentar o período do vazio em Mato Grosso é para colocar ponto final na polêmica prática do cultivo da segunda safra de soja, que na interpretação da Comissão, é uma iniciativa que favorece o enfraquecimento dos fungicidas e, com isso, pode aumentar muito a incidência da ferrugem asiática, além de contribuir para a proliferação de pragas, como as lagartas e os percevejos.
– A mudança no vazio sanitário praticamente acaba com a polêmica da safrinha, porque aí não vai plantar. Mas se não mudar, tem que se estudar o que vai ser feito e a responsabilidade de quem está plantando. Porque se o produtor está preparado para plantar e chega uma ordem para não fazer, logicamente que alguém vai acabar prejudicado – explica o presidente do Sindicato Rural de Diamantino, José Cazeta.
A Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja-MT) não é favorável a decisão de mudança e defende mais diálogo sobre o caso. O assunto vem sendo comentado pelo presidente da entidade, Ricardo Tomczyk, durante a caravana do 9º Circuito Aprosoja, que vem realizando visitas em várias regiões de Mato Grosso.
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Além do polêmico assunto sobre o vazio sanitário, o presidente da Aprosoja-MT chama atenção para um novo assunto a ser discutido: o excesso no uso de produtos com o mesmo princípio ativo nas lavouras, o que vem sendo praticado por muitos produtores produtores. Este é um motivo de preocupação na entidade.
– O debate mais produtivo deve ser em torno do manejo dos fungicidas. Nós temos que encarar os problemas que estão sendo deixados um pouco de lado, que é o que está sendo feito sobre o uso incorreto dos fungicidas, o uso do mesmo princípio ativo com muitas aplicações. Isso é muito mais danoso do que estamos mensurando – afirma Tomczyk.
A sugestão do novo vazio sanitário sairia dos três meses atuais para cinco meses. O assunto é complexo e vem gerando muita polêmica entre os produtores, alguns são a favor e outros não são a favor dessa possível alteração.
O agricultor Rogério Ariolli Silva acabou de colher milho e sorgo, culturas usadas por ele no período de segunda safra. Agora, ele aguarda o fim do vazio sanitário, que termina no dia 15 de setembro, para receber o cultivo da soja. Ele vai cultivar toda a área da propriedade, cerca de dois mil hectares, localizada em Campo Novo do Parecis. A oleaginosa aqui só entra nesta época do ano. Silva não realiza o cultivo da segunda safra de soja e não concorda com esta prática que vem sendo adotada por muitos produtores do Estado. Ele apoia a decisão de aumentar o período do vazio sanitário para evitar esse cultivo.
– Eu defendo o aumento do vazio sanitário, porque nós tivemos muitos problemas sérios no controle da ferrugem asiática aqui na região. Nós precisamos ter a consciência de preservar os princípios ativos dos produtos. No momento que se faz a soja em cima de soja, está se colocando os produtores, que tem uma vulnerabilidade muito grande, e isso pode afetar grande parte da agricultura – comenta Rogério Ariolli Silva.
Erni Parisenti também é produtor rural e pensa de forma parecida sobre a realização sobre a segunda safra de soja que alguns produtores fazem. Mas ele não concorda com o aumento do período de vazio sanitário. Para ele, o prazo de 90 dias já é suficiente e a mudança poderia trazer consequências não muito boas, principalmente para o calendário que ele projetou para sua propriedade, que possui 15 mil hectares de soja.
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– Se aumentar ou retardar, ele começar em abril ou maio pode ser que traga alguns problemas para nós, porque neste período a gente ainda não consegue terminar de fazer a dessecação, da soja guaxa, que é a soja que nasce depois da colheita, devido a muitas chuvas. Como as lavouras são grandes e a gente tem o maquinário destinado, a maior parte da dessecação é ainda na safrinha. A soja guaxa nós geralmente a deixamos para eliminar um pouco mais tarde, mas sempre antes do vazio sanitário, respeitando os 90 dias – afirma Parisenti.
O agricultor Altemar Crolling acredita que o debate sobre o vazio sanitário deve ser levado aos produtores, ele lembrou que cada região tem sua especificidade e que é necessário reconhecer isso antes de uma decisão.
– A minha visão é de que tem que levar a discussão para as bases, junto com os produtores. Cada região tem uma peculiaridade, então nós temos que discutir. A região oeste é uma coisa, a região norte é outra. Não tem como tomar uma decisão assim, para o Estado inteiro. Tem que consultar as bases para definir uma coisa que seja boa para todos, não só para uma parte – sugere Crolling.