– A soja vai roubar espaço do milho, do algodão, do feijão 1ª safra e ainda deve ter expansão de área em cima de pastagens – destacou o sócio-analista da Agroconsult Douglas Nakazone. Ele salientou ainda que a perspectiva de El Niño tende a contribuir para produtividades próximas dos recordes.
Para a safra de verão de milho, a Agroconsult prevê que a área diminuirá para 6,2 milhões de hectares, ante 6,6 milhões de hectares em 2013/2104. A produção em primeira safra, segundo a consultoria, deve cair para 29,2 milhões de toneladas em 2014/2015, ante 29,8 milhões de toneladas no ciclo anterior. A redução, segundo Nakazone, se deve tanto à migração para a soja, em virtude da possibilidade de melhor remuneração, como pela concentração da produção brasileira de milho na segunda safra (safrinha), cultivada após a safra de verão.
Preços
Os preços médios da soja devem ser de US$ 11/bushel e os do milho de US$ 3,75/bushel em 2014/2015, segundo estimativa da consultoria, o que deve estimular o produtor brasileiro a trocar o milho pela soja pelo menos na produção de verão.
– Nós achamos possível, sim, que os preços em Chicago caiam abaixo de US$ 10/bushel, mas não irão se manter nesse patamar por muito tempo – salientou Nakazone.
Para ele, o produtor brasileiro deve resistir em vender a oleaginosa em patamar muito abaixo de US$ 11/bushel. A ideia de segurar os estoques em busca de valores melhores deve ser favorecida pelos altos rendimentos obtidos nas últimas safras, quando o produtor conseguiu criar uma “reserva”, apontou Nakazone.
– A resistência do produtor em vender deve ser um importante fundamento do mercado nos próximos meses.
Segundo ele, o nível limite de preço para compensar o custo ficaria, em média, em torno de US$ 9/bushel em 2014/2015.
De acordo com projeção da Agroconsult, produtores em Sorriso (MT) poderão obter rentabilidade de R$ 432/hectare com soja geneticamente modificada, ante R$ 713/hectare no ciclo anterior, considerando preços de R$ 43/saca e produtividade de 53 sacas por hectare, em média. Já para o norte do Paraná, a perspectiva de rentabilidade é de R$ 608/hectare, ante R$ 380/hectare em 2013/2014, com preços de R$ 52/saca e produtividade de 50 sacas/hectare. Logística, demanda interna e uso de tecnologia explicam a diferença de rentabilidade entre as duas regiões.
Enquanto isso, o milho verão em Ponta Grossa (PR), única praça para a qual a Agroconsult fez projeções, pode chegar a uma rentabilidade de R$ 976/hectare em 2014/2015, ante R$ 1.653/hectare no ciclo anterior, considerando preço de R$ 20/saca e produtividade de 193 sacas por hectare. Enquanto isso, a consultoria estimou que a rentabilidade do milho safrinha em 2013/2014 em Sorriso (MT) passou de R$ 122/hectare positivos em 2012/2013 para R$ 256/hectare negativos.
– O Brasil precisa repensar o negócio do milho. A solução é a China passar a ser importadora de milho como é na soja, o que ampliaria o mercado de milho. Outro ponto de vista que independe do aumento do mercado é que precisamos ser mais competitivos, ter logística mais eficiente – salientou Nakazone.