Rio Grande do Sul calcula 40% de quebra no trigo devido a doenças fúngicas

Brusone é uma das pragas responsáveis pelo prejuízo: saiba mais sobre a doençaA região noroeste do Rio Grande do Sul está sofrendo pelo excesso de umidade nas lavouras de trigo. Segundo o Sindicato Rural de Santa Rosa, a quebra pode chegar a 40%. O clima quente e úmido trouxe a brusone, uma doença até então frequente apenas no Brasil Central, norte do Paraná, de Mato Grosso do Sul e São Paulo. Além do grão, hortigranjeiros também foram atingidos e contabilizam danos ainda maiores, de 70%, conforme o presidente do Sindicato, Denir Frosi.

• Clima úmido prejudica as plantações de trigo no Rio Grande do Sul

Uma principais doenças é a brusone do trigo, causado por um fungo que ataca as espigas, afetando diretamente a qualidade dos grãos. Espigas doentes podem ser identificadas pelo contraste de cores entre as porções abaixo (verde) e acima (palha) do ponto de infecção, as espiguetas ficam com aspecto despigmentado, de coloração esbranquiçada. Os danos são grãos pequenos e deformados que acabam eliminados no beneficiamento.

Assista à reportagem feita pelo Canal Rural, na região afetada pelas doenças, no Rio Grande do Sul:

 

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A brusone é restrita às lavouras da América do Sul, onde conta com um grande número de hospedeiros do fungo, que se dispersa através do vento e pode atacar mais de 50 espécies de gramíneas.

Foi primeiramente identificada em 1985 no Estado do Paraná, e observada em condições naturais pela primeira vez no mundo. Nos anos seguintes, chegou aos Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Goiás.

Neste ano, a doença já tinha sido identificada em lavouras gaúchas de aveia e azevém, no começo da safra de inverno, entre os meses de abril e maio. Na cultura do trigo, períodos de alta umidade relativa e temperaturas altas, entre 25°C e 28°C, coincidindo com a fase do espigamento, favoreceram a ocorrência de brusone. Uma das características desta doença é a variação de intensidade entre lavouras, devido a diferenças de época de semeadura, ou às condições climáticas muito específicas da localização da lavoura. A brusone causa queda no rendimento, em função dos grãos deformados e de baixo peso específico.

Controle

No controle químico, os fungicidas com maior eficiência para controlar a doença foram aqueles formulados com a mistura de estrobilurina + triazol, quando aplicados duas vezes, no início do espigamento e cerca de 15 dias depois. Ainda assim, os produtos em uso têm demostrado baixa eficiência no controle.

Uma ferramenta de avaliação de risco de ocorrência de epidemias denominada SISALERT foi desenvolvida pela Embrapa Trigo juntamente com a Universidade de Passo Fundo (RS). O SISALERT é uma plataforma que coleta dados meteorológicos observados e de prognóstico de curto prazo para simular tanto o risco de epidemias de brusone como o de giberela, outra doença fúngica que atinge as espigas. O acesso é gratuito aqui

Giberela ou Brusone?

Outra doença fúngica é a giberela. Apesar de causadas por patógenos diferentes, giberela (Gibberella zeae) e brusone (Magnaporthe oryzae) possuem muitas semelhanças: ambas são causadas por fungos que atacam as espigas, sob condições de clima úmido e quente; não existem cultivares totalmente resistentes; e os fungicidas em uso têm demonstrado baixa eficiência no controle. Estes fatores contribuem para a dificuldade de diagnóstico e controle destas doenças.

Uma das orientações para fazer a distinção, é que o fungo da brusone ataca a ráquis, ficando restrito nas proximidades do ponto de infecção, impedindo o enchimento dos grãos acima do local de penetração do patógeno. No caso de giberela, a cor escura progride na ráquis em direção à parte inferior da espiga.

A Embrapa Trigo publicou um guia que pode auxiliar os produtores, leia abaixo: