O produtor Moacir Belli procura os botões no pé de café e dificilmente encontra. A estiagem comprometeu as plantas, que não deram florada. O agricultor acredita que pode perder 100% da lavoura. São 220 mil pés.
– A lavoura não teve condições de se reformar, se reestabelecer, de formar rama, formar botão floral e portanto não deu florada. Portanto, para 2015 é safra zero. Esperamos que tudo se normalize, que chova bem nesse período que nós estamos entrando, que chamamos de período chuvoso, para que ele possa novamente produzir em 2016 – explica o engenheiro agrônomo da Coopinhal, Celso Scanavahi.
Na safra passada, Belli tinha perdido 60% da lavoura. Colheu 30 sacas por hectare, quando, normalmente, deveria colher de 40 a 50 sacas. Segundo a Coopinhal, cooperativa formada por produtores da região de Espírito Santo do Pinhal, na divisa de São Paulo com Minas Gerais, a próxima safra deve registrar quebra de 35%.
Como a chuva não vem, a única solução da lavoura seria irrigar, o que também não é uma realidade da região. Dos 530 cooperados, apenas três têm o sistema.
Sem esperança, Belli corre atrás do prejuízo. Ele vendeu apenas 20%do que colheu neste ano, por R$ 450 a saca. Decidiu esperar por preços melhores.
O especialista Tiago Ferreira acredita em uma pequena elevação dos preços, mas faz um alerta para os produtores.
– Tem uma notícia de chuva mais constante. Isso pode fazer com que o mercado recue. Um dos principais limitadores, eu diria, que é a utilização de cafés que hoje compõe o bland das bebidas mais vendidas no mundo, dentre eles, o conilon. Então, a gente pode, num determinado momento, passar a utilizar mais conilon. Acho que é muito possível que a indústria faça isso. Por outro lado, esse limitador de altas não quer dizer que não vai existir alta. De uns R$ 500 hoje podemos imaginar R$ 550, R$ 600 – explica.