Até o ano passado o pecuarista ainda mantinha 50% da área da fazenda para a plantação de cana, mas hoje são apenas 20%. A redução é explicada pelos gastos. A tonelada de cana custa ao produtor R$ 70 e é vendida a R$ 50. O resultado dessa conta negativa foi abrir mais espaço para a pastagem.
A cria aumentou e o que sobrou de cana é usado pra baratear o próprio trato do boi.
– Como eu trabalho só na questão de cria e recria,a gente não precisa ter uma ração tão concentrada como para engorda do gado. Então não é um custo tão caro. Se a gente fosse mandar essa cana para a usina ela não ia me remunerar. Então, eu estou pegando essa cana que eu tenho e dou para o gado, em vez de fornecer para a usina – explica Torina.
Aqui, o bezerro é vendido por R$ 1 mil. Já o boi magro, o pecuarista comercializa por R$ 1,4 mil. Ele diz que consegue ter lucro de 30% em cima do valor dos animais. É um bom negócio e estaria mais rentável se o clima ajudasse.
– Devido à estiagem tivemos que começar a tratar esse gado já em janeiro, porque não teve chuva. A gente não teve capim suficiente para o gado, mesmo adubando as pastagens. Então, começamos já em janeiro a suplementação, que era para ter começado no mês de junho. Então teve um gasto a mais que com certeza vai pesar no nosso bolso – afirma o produtor.
De acordo com o professor da Esalq Edgar Gomes Ferreira, a tendência é que mais produtores façam como Torina e o cenário seja de mais boi e menos cana na região.
– Tem uma tradição em Piracicaba de produção de cana. Aqui tem bastante indústria, é um centro regional importante de cana-de-açúcar dentro do setor sucroalcooleiro, mas, inevitavelmente, o produtor busca realmente uma remuneração – comenta.