As pastagens cultivadas com azevém formam um dos cardápios mais nutritivos para o gado. Na fazenda do produtor rural Frederico Wolf, no município de Dom Pedrito (RS), na campanha gaúcha, os bovinos da raça hereford e os cavalos crioulos pastam juntos na área que antes foi soja durante o verão.
O azevém é uma gramínea anual plantada no fim do mês de março para servir como alimento para os animais durante o inverno e inicio da primavera. E fornece um ganho de peso muito acima da média em pastagens extensivas.
– É a pastagem mais palatável que existe, é o que dizem os técnicos e o que a gente pode conhecer. A gente usa outras, como trevo, cornichão, e até as de verão, como mileto e outras. Mas o azevém é, de longe, a mais aceitável por qualquer bicho. Principalmente se for gado de boa genética, o azevém produz 1,8 a 2 kg por dia – explica Wolf.
A gramínea é a favorita dos pesquisadores da Embrapa Pecuária Sul Danilo Menezes Sant’anna e Márcia Silveira. Eles acreditam que é possível tirar muito mais proveito da pastagem com azevém se o manejo for melhorado.
– A gente tem buscado trabalhar com os produtores orientações simples e de custo baixo ou custo zero, mas que pode trazer um melhor manejo para esse tipo de forrageira e, consequentemente, nos proporcionando maior produção por um período mais longo. Essa forragem vem sendo mais bem aproveitada pelos animais – argumenta Márcia
O azevém é indicado para pastejo contínuo ou rotacionado, desde que seja respeitada a capacidade de suporte da área, para evitar o pisoteio e garantir uma boa produção de forragem.
Na lotação contínua, a recomendação dos pesquisadores é ajustar a carga para manter a gramínea com uma altura entre 20 e 25 centímetros, garantindo assim uma oferta de forragens em torno de quatro vezes mais que a capacidade de consumo do animal. Outra vantagem destacada pelos pesquisadores é a flexibilidade que o azevém tem para ser consorciado com outras plantas forrageiras, tanto nativas quanto cultivadas.
– Ele pode ser sobressemeado e o resultado é muito bom. Isso faz com que a gente consiga ter aqui no Sul forragens em quantidade suficiente e qualidade em todo ano, com poucos períodos de escassez – explica Sant’anna.
Na fazenda de Frederico Wolf, 60% das pastagens de inverno são consorciadas entre azevém, trevo e cornichão. O consórcio é implantado sobre áreas que foram lavouras de arroz no último verão e ficam perenizadas por até três anos.
– Eles têm ciclos diferentes e convive muito bem esse três ou quatro que a gente usa na região, convive muito bem, e eles são complementares. O azevém é mais precoce e quando ele tá decaindo, o trevo dá um suporte grande e o cornichão vai mais longe um pouco – comenta Patrícia Wolf.
Recentemente, a Embrapa lançou três novas cultivares de leguminosas para serem consorciadas com gramíneas como o azevém e a aveia. A intenção é renovar o banco de material genético específico para a região e assim garantir pastagens de maior qualidade durante os gelados meses do inverno.
– As leguminosas conferem sempre um pouco mais de qualidade à pastagem consorciada e, geralmente, as leguminosas têm um pouco menos de reprodução. Então a gente junta quantidade com qualidade, com suporte maior da qualidade das leguminosas. Além disso, o consorcio é importante também porque a gente consegue somar características interessantes. Num consorcio a gente consegue ter uma pastagem mais cedo por conta da gramínea e quando ela começa a se encerrar tem a leguminosa – reforça o pesquisador da Embrapa Daniel Montardo.